sábado, 24 de agosto de 2013

Alckmin deixa Aécio sozinho em giro paulista

Para não melindrar Serra, governador frustra aliados do mineiro e falta a eventos políticos em Ribeirão e Barretos

Objetivo é evitar 'viés eleitoral', diz presidente do PSDB-SP; Aécio afirma que não existe guerra com Serra

Daniela Lima

SÃO PAULO - O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), decidiu não participar dos primeiros dois grandes eventos que o senador Aécio Neves (MG), presidente de seu partido e potencial candidato dos tucanos ao Palácio do Planalto, protagonizará no interior do Estado.

O mineiro vai iniciar uma série de viagens pelo país e pretende estar, ao menos a cada dez dias, em São Paulo.

Alckmin avisou a Aécio e ao presidente estadual do PSDB, Duarte Nogueira, que não poderia acompanhar o mineiro nem ontem, em Ribeirão Preto, nem hoje, na festa do Peão de Boiadeiro, principal rodeio do país.

"Ele [Alckmin] tem uma agenda no domingo em três cidades e, dado o atual conjunto de variáveis, sua aparição poderia ganhar um viés eleitoral", disse Nogueira.

O "atual conjunto de variáveis" a que o presidente do PSDB de São Paulo se refere é o clima de tensão que se instalou no partido desde que o ex-governador José Serra (PSDB) passou a indicar mais enfaticamente que pretende disputar a Presidência da República pela terceira vez, mesmo que tenha que passar por prévias.

A candidatura de Aécio é dada como certa pela cúpula do PSDB, que passou, contudo, a admitir a realização da consulta interna para não melindrar as pretensões eleitorais de Serra.

Ontem, Aécio se reuniu com cerca de 300 pessoas, em Ribeirão Preto, entre prefeitos aliados do PSDB e dirigentes de partidos. Aécio afirmou que não há guerra no PSDB, elogiou Serra e disse esperar que ele fique no partido.

"Só existe trégua quando há guerra. Serra é um dos homens públicos mais preparados do Brasil, companheiro do PSDB e todos nós esperamos que ele possa continuar conosco no partido."

Hoje, o mineiro vai a Barretos, para a "queima do alho", concurso gastronômico disputado por comitivas de tropeiros.

FHC
Enquanto Alckmin dá sinais de que não pretende tomar partido na disputa interna, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é mais enfático no alinhamento aos planos do senador mineiro.

Ontem, em reunião com Aécio em São Paulo, FHC afirmou que poderá acompanhar o aliado em viagens estratégicas pelo país.

O apoio explícito de FHC, além do alcance interno no tucanato, é importante para Aécio na interlocução com o empresariado, por exemplo.

O ex-presidente tem intermediado encontros do mineiro com donos de empreiteiras e bancos, além de economistas e intelectuais.

FHC trabalha por um "pacto de convivência" entre o mineiro e Serra, para preservar o partido até que se defina o destino do ex-governador paulista. Até outubro, ele decidirá se migra para o PPS.

Colaborou Venceslau Borlina filho, de Ribeirão Preto

Fonte: Folha de S. Paulo

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