As diversas demonstrações de solidariedade do PT não foram suficientes para eliminar, entre alguns mensaleiros e seus familiares, um certo ressentimento para com a conduta de Lula e de Dilma nestes anos todos.
Lula prometeu lá atrás que iria desmontar o que chamou de farsa do mensalão, mas nunca disse uma palavra além disso. Sempre que é questionado sobre a prisão dos colegas, o máximo que se permite afirmar é que algum dia falará algumas coisas sobre o assunto.
Dilma nem isso. Na comemoração da Proclamação da República, enquanto Dirceu, Genoino e companhia aguardavam o cumprimento dos seus mandados de prisão, fez questão de divulgar uma mensagem na qual afirmava que cabe à presidente "combater a corrupção". O instinto de autopreservação de Dilma, claro, falou mais alto.
Coube aos deputados Rui Falcão, André Vargas e a outros soldadinhos de chumbo de Lula o papel de passar a mão na cabeça dos condenados e agradar à parcela mais inflamada do petismo. Eles promovem vaquinhas, levantam o punho fechado para o alto e farão tudo o que a criatividade teatral lhes permitir para politizar o episódio e para tentar fazer prevalecer a versão de que os mensaleiros são vítimas de uma perseguição individual do presidente do STF, Joaquim Barbosa, devidamente apoiado pela "elite suja". Aliás, será que o fujão Pizzolato vai merecer também algum tipo de homenagem do partido?
A divisão de tarefas, no entanto, com o silêncio de Dilma e de Lula, serve muito mais para contemplar objetivos políticos do PT do que para desagravar e reconfortar os condenados. Se dependesse exclusivamente da vontade do ex-presidente, de acordo com o elegante conselho que ele deu recentemente a um ex-ministro acusado de corrupção, todo o episódio do mensalão, da compra de apoio político pelo seu governo, já teria saído pela urina.
Fonte: Folha Online
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