- Folha de S. Paulo / EBC
A estratégia governista para deixar a CPI da Petrobras para lá está bem clara: Lula diz que está "por fora", Dilma continua olimpicamente em campanha, o PT jura que não tem nada contra investigações e todos juntos ameaçam abrir CPIs contra a oposição.
Enquanto os petistas se preservam, o senador Renan Calheiros mata no peito e assume o papel mais impopular. É ele quem vai entrar com recurso, junto ao plenário do Supremo Tribunal Federal, contra a decisão da ministra Rosa Weber pela CPI exclusiva da Petrobras --que é tudo que os governistas não querem.
A abnegação de Renan tem vários motivos. Ele tem a posição institucional de presidente do Senado, é gato escaldado, acostumado a apanhar, e sabe apostar e investir. Quanto mais críticas a Dilma, mais ele exibe sua fidelidade ao projeto.
CPIs são típicas da luta política, mas nem governo nem oposição trabalham de fato para que a da Petrobras vingue, e menos ainda uma da Alstom, ou do cartel de trens de São Paulo ou da refinaria pernambucana. Se alguém quer CPI neste momento é a sociedade. E daí?
Para a oposição, o que interessa é manter as perdas, as dívidas e os prejuízos da Petrobras em pauta até a campanha eleitoral, para desgastar Dilma e o PT. Para o governo, o importante é aguentar o tranco da melhor forma possível até a Copa, emendando com o recesso.
Depois disso, os senadores estarão muito mais preocupados com suas eleições do que com investigações sobre o que quer que seja em Brasília. Aliviados, claro, por não caírem na rede de alguma CPI.
Como previsto, a CPI da Petrobras é mais instrumento de luta política do que uma comissão de inquérito para valer. Não por falta de motivos.
Aliás... após Petrobras, BB, Ipea e IBGE, a crise é na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), onde três dos cinco conselheiros renunciaram. Por quê? Ora, por causa da mão pesada do governo do PT.
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