- Folha de S. Paulo
Em tempo de falta de grana inclusive para programas sociais, faço uma sugestão: bloquear salários e emendas dos parlamentares até que tratem o país com o mesmo senso de urgência que tiveram ao afastar a presidente Dilma.
Apenas depois que eles tivessem aprovado as medidas necessárias para tirar o Brasil da crise é que seus salários seriam liberados, e o dinheiro de suas emendas para suas bases eleitorais seria desbloqueado.
Faço tal proposta ao notar que o Congresso age num ritmo como se bastasse afastar a petista para o país voltar à normalidade. Não. Ela havia perdido as condições de governabilidade, mas tudo ainda está por ser feito para sairmos da crise.
Pior é que deputados e senadores estão muito mais ocupados em tratar de seus interesses do que os do país. Gastam seu tempo tentando salvar o mandato do deputado Eduardo Cunha e buscando segurar Waldir Maranhão na presidência da Câmara. Dois estorvos.
Para piorar, e muito, ficam maquinando nos bastidores medidas para frear as investigações da Operação Lava Jato. É o que revelam claramente as gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado com caciques do PMDB.
E não venham dizer que estão, sim, trabalhando pelo país ao aprovar a revisão da meta fiscal -aquela que autoriza o governo Temer fechar o ano com um rombo explosivo nas contas de R$ 170,5 bilhões.
Aquela votação foi apenas o reconhecimento oficial de um Brasil quebrado. Só livra Temer de ser acusado de pedalar para gastar uma grana que a União não tem. Tal como fez Dilma Rousseff, criando a base jurídica para seu afastamento.
É preciso aprovar medidas para cobrir esse cheque em branco, criticado por petistas, mas gerado pela presidenta deles. Daí a ideia: se os parlamentares não se mexem na direção do essencial, que não ganhem salário até acordarem para o país real. Fica aqui a dica para as ruas.
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