O presidente esteve em um evento com o prefeito de São Paulo, em que assinaram um acordo que prevê concessão à prefeitura de parte do Campo de Marte, hoje sob controle da Força Aérea
Ricardo Galhardo e Francisco Carlos de Assis | O Estado de S.Paulo
Em meio à divisão do PSDB em relação à permanência no governo e à investida de setores do PMDB sobre cargos comandados por tucanos infiéis, o presidente Michel Temer distribuiu afagos ao prefeito de São Paulo, João Doria, uma das principais lideranças do PSDB a defender a manutenção da aliança com o peemedebista.
“Vejo aqui um parceiro e um companheiro. Alguém que compreende como ninguém os problemas do país. Porque a visão do João Doria é municipalista, o que é fundamental, mas uma visão nacional”, disse Temer, na manhã desta segunda-feira, em evento na Prefeitura.
Temer e Doria assinaram um acordo que prevê a concessão à prefeitura de parte do Campo de Marte, hoje sob controle da Força Aérea, para construção de um parque e de um museu aeroespacial. A disputa judicial entorno da área vem desde 1958.
Temer se aproveitou do tema para fazer mais um afago ao prefeito.
“Quanto tempo os astronautas levaram para tentar chegar a Marte e o João Doria em menos de sete meses chegou a Marte”, disse o presidente em referência ao curto período de tempo de Doria na prefeitura.
Tanto o prefeito quanto o presidente usaram o simbolismo do ato para reforçar o discurso em torno da conciliação nacional, presente nos primeiros discursos de Temer ainda durante o processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff e, assim, tentar dar um ar de normalidade ao governo e deixar para trás as denúncias de corrupção menos de uma semana depois de a Câmara ter rejeitado a abertura de processo para investigar o presidente.
“Nós precisamos conciliar as posições e ele (Doria) está fazendo algo que defendemos há algum tempo”, disse Temer.
Com apenas 5% de aprovação popular, segundo pesquisas de opinião, Temer optou por destacar a importância de melhorar a relação com prefeitos e governadores para sustentar o discurso de conciliação.
“Sempre sustentei que temos uma federação pela metade, uma federação capenga, uma federação não verdadeira porque em uma federação real nos dias de hoje há que botar o prestigiamento dos estados e dos municípios. E graças a Deus temos feito isso”, afirmou.
Frente aos afagos do presidente, Doria voltou a negar que seja candidato à Presidência da República nas eleições do ano que vem. Segundo ele, as relações com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, fiador de sua candidatura a prefeito principal nome do PSDB para a disputa ao Planalto, continuam “excelentes”.
De acordo com Doria, Alckmin, que tinha presença confirmada no evento de acordo com a agenda do prefeito, desistiu de ir ao ato para não ofuscar o papel da prefeitura no acordo em torno do Campo de Marte. “Ele (Alckmin) foi generoso”, disse Doria.
Tom conciliatório. O presidente Michel Temer voltou hoje ao mesmo discurso de conciliação e pacificação da sociedade brasileira que preconizava antes de assumir a Presidência da República. O tom conciliador e pacificador de Temer veio carregado de simbologias por ter sido feito na Prefeitura de São Paulo, diante do prefeito, João Doria, eleito pelo PSDB, um dos principais partidos da base aliada, mas que se encontra dividido quanto a permanência ou desembarque do governo de Michel Temer.
De acordo com Temer há um emocionalismo no Brasil hoje e que se os governos federal e municipal paulista se pautassem por ele, o ato de hoje não teria acontecido. “Precisamos conciliar soluções. Vejo o Doria trabalhar com conciliação, sempre agregando e somando. É inadmissível que brasileiros se joguem contra brasileiros. O nós contra eles não pode prevalecer”, disse Temer.
Se o presidente foi só elogios a Doria, ao governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) foi diferente. Ao se referir à negociação das dívidas com os Estados, Temer lembrou que o Estado de São Paulo recebeu mais que os R$ 3 bilhões que deveria pagar à União. À época, o governador demonstrou insatisfação com a renegociação. “No caso dos Estados, fizemos renegociação de suas dívidas. Quando isentamos os Estados, São Paulo recebeu mais de R$ 3 bilhões que deveria pagar à União”, disse o presidente.
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