Presidente afastado do PSDB nega que presença da sigla no governo seja ‘fisiológica’, mas admite que há ‘convencimento de todos’ sobre desembarque
Pedro Venceslau e Marcelo Osakabe / O Estado de S.Paulo
SÃO PAULO - Dois dias depois de destituir o senador Tasso Jereissati (CE) da presidência interina do PSDB, o senador Aécio Neves (MG), presidente afastado do partido, participou da convenção tucana em Minas Gerais que reelegeu seu aliado, o deputado Domingos Sávio, presidente da legenda no Estado. Em entrevista no final do evento, neste sábado, 11, Aécio reconheceu que o PSDB deixará em breve o governo Michel Temer, mas criticou os "cabeças pretas", ala que faz oposição ao Palácio do Planalto. "Vamos sair do governo pela porta da frente, da mesma forma que entramos", disse o senador.
De acordo com o senador, há no PSDB "um convencimento de todos" de que está chegando o momento de deixar o governo. "Quero sugerir aos dois candidatos (à presidência do partido) que convoquem os ministros do PSDB para uma reunião e que definam o momento da saída". Aos jornalistas, Aécio afirmou que, após a posse de Temer, chegou a "aventar" Tasso Jereissati para ocupar o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
Segundo Aécio, há no partido uma "falsa discussão" sobre a permanência ou debandada dos tucanos da Esplanada dos Ministérios. "Vejo uma falsa discussão, como se essa fosse a questão central: sai ou não do governo. Isso só serve aos interesses de uma eleição interna", afirmou. "Não posso aceitar a pecha de que a presença do PSDB no governo é fisiológica".
"Não vejo os cabeças pretas defenderem as reformas com o mesmo ímpeto que defendem a saída do governo. Boa parte desta discussão é uma desculpa para não votar a agenda de reformas", disse Aécio. "A juventude nos estimula com ideias, mas não é por si só sinônimo de virtude. "Adenauer, com mais de 70 anos de idade, reconstruiu a Alemanha, e Nero, com 20 anos, botou fogo em Roma", afirmou o tucano, se referindo ao chanceler alemão Konrad Adenauer, e ao imperador romano
Disputa interna. Sobre a destituição de Tasso e a indicação do ex-governador Alberto Goldman para ocupar a presidência interina do PSDB, Aécio afirmou que agiu "com a responsabilidade de sempre".
Ao falar sobre esse ponto, o senador cometeu um ato falho. "No momento em que indiquei Tasso para assumir a presidência da República (sic), o fiz pelo fato de ele não ser candidato à própria reeleição. Não seria lícito que eu indicasse alguém para a interinidade e esse alguém a utilizasse para construir uma candidatura". Aécio disse ainda que, quando sugeriu o nome de Tasso para assumir o cargo, assumiu com isso um desgaste e contrariou a posição "unânime" da bancada federal que, segundo ele, apresentava o nome de outro candidato.
Após ser flagrado em um áudio pedindo empréstimo a Joesley Batista, Aécio se afastou da presidência do partido. Naquele momento, o favorito da bancada era o deputado federal Carlos Sampaio (SP), da ala dos “cabeças pretas”
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2018. Alvo de oito inquéritos e de uma denúncia perante o Supremo Tribunal Federal, Aécio Neves disse, neste sábado, que "estará nas urnas" no ano que vem. O senador não quis deixar claro a qual cargo pretende se candidatar, mas afirmou não haver "cogitação" de tentar vaga na Câmara dos Deputados.
O senador comentou também a possibilidade de o apresentador Luciano Huck, ser candidato à Presidência da República. "É um pouco a falência política. É o momento de desgaste generalizado. O Luciano é um sujeito capaz, muito inteligente, agora, o Brasil vai precisar conhecer o que ele pensa. Nas mais variadas questões. O tempo é que vai dizer se ele está ou não preparado".
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