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O currículo encolheu
O ex-oficial da Marinha e professor de finanças Carlos Alberto Decotelli foi escolhido para ministro da Educação porque, entre os candidatos ao cargo, ele era o que tinha o currículo mais longo, segundo o presidente Jair Bolsonaro.
Não deve ter sido só por isso. Pesou o apoio dos militares a Decotelli. E também a sua cor. Será o primeiro ministro preto do governo. De todo modo, o currículo do ministro ficou mais curto menos de 24 horas depois do anúncio.
Constava na plataforma CNPq Lattes que Decotelli era doutor pela Faculdade de Ciências Econômicas e Estatística da respeitável Universidade Nacional de Rosário, na Argentina. Fraude! Ele concluiu o curso, mas não foi aprovado.
Descoberto, o ministro admitiu que concluíra o curso, mas que não defendera tese, exigência essencial para que pudesse se apresentar como doutor. Fraude! Em entrevista ao Jornal Nacional, o reitor confirmou que ele defendeu tese, mas que ela obteve notas baixas.
Estava escrito no currículo de Decotelli que o orientador de sua tese fora o professor Antônio Freitas Júnior, da Fundação Getúlio Vargas, e presidente do Conselho Nacional de Educação. Fraude! Freitas nunca pertenceu aos quadros da universidade.
Por lá, não há registro da passagem de Freitas Junior, nem como professor permanente ou visitante, nem como membro de banca examinadora. Provocado a se pronunciar a respeito do assunto, o professor preferiu manter-se calado.
Não está sendo um bom começo para Decotelli como ministro da Educação. Ele não é a primeira figura pública a falsificar parte do seu currículo. A ex-presidente Dilma Rousseff se dizia pós-graduada em Economia pela Universidade de Campinas. Fraude!
A joia da coroa no currículo do governador Wilson Witzel, do Rio de Janeiro, era ter feito parte do seu doutorado na Universidade de Havard, uma das mais importantes dos Estados Unidos. Fraude! Que Witzel preferiu chamar simplesmente de erro.
A sorte de Decotelli é que ele substituirá as duas maiores nulidades que já ostentaram na história deste país o título de Ministro da Educação – Ricardo Vélez e Abraham Weintraub, que fugiu para os Estados Unidos com medo de ser preso.
Difícil que Decotelli possa ser pior do que os dois. O risco que corre é de ser melhor do que supõe Bolsonaro e se tornar popular a ponto de incomodá-lo. Foi por isso, mas não só, que o médico Luiz Henrique Mandetta acabou demitido do Ministério da Saúde.
O preço cobrado pelo Centrão para adiar as eleições deste ano
É recebendo que se dá
Do Centrão, o grupo dos partidos mais fisiológicos com representação no Congresso, pode-se dizer tudo – menos que não goste de dinheiro e de outras vantagens como cargos no governo.
Os líderes do Centrão na Câmara dos Deputados se recusam a aprovar o adiamento das eleições municipais marcadas para outubro. O adiamento já foi aprovado no Senado.
Não se sabe quando o coronavírus se dará por satisfeito com o número de mortos e de contaminados coletados por aqui. Sabe-se, contudo, que em setembro ele ainda produzirá estragos.
Daí a transferência das eleições para novembro. Em último caso, elas poderão ser realizadas somente em dezembro. Mas o Centrão é contra. Exige respeito às datas fixadas na Constituição.
Mas como o Centrão não seria o que é se não fosse capaz de transigir, concorda com o adiamento ao preço de 5 bilhões de reais a serem repartidos com prefeituras que ele indicar.
Há 5 bilhões sem destinação no Orçamento da União. Não será preciso subtrair dinheiro de nenhuma área. Com tal montante, prefeitos do Centrão poderão se reeleger ou eleger seus candidatos.
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