Denise Chrispim Marin e Tânia Monteiro
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Governo brasileiro queria garantias de Bogotá de que tropas dos EUA não vão atuar fora do território colombiano
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não se satisfez com as explicações trazidas por seu colega colombiano, Álvaro Uribe, sobre a utilização de sete bases militares da Colômbia por soldados dos EUA. Ao final de uma conversa de duas horas entre os dois presidentes, o chanceler Celso Amorim revelou que o governo brasileiro teme que as forças dos EUA possam atuar fora do território colombiano.
Segundo Amorim, o Brasil não recebeu de Uribe nenhuma garantia sobre essa limitação. Esse mesmo temor foi expresso, dois dias antes, por Amorim e pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, ao assessor da Casa Branca para Segurança Nacional, general Jim Jones.
Na Base Aérea de Brasília, onde se encontrou com um grupo de senadores da Comissão de Relações Exteriores, Uribe afirmou que a Colômbia negocia apenas a renovação do acordo para manter soldados dos EUA em uma única base. Disse, ainda, que ordenou ao embaixador da Colômbia que compareça ao Senado e preste os esclarecimentos necessários, apresentando até mesmo os documentos da negociação com o governo americano. "Ele nos disse que a tropa fará o que sempre faz: ajuda no combate ao narcotráfico", afirmou o senador Heráclito Fortes (DEM-PI).
Amorim disse que o Brasil "reiterou que um acordo com os EUA que venha a ser específico e delimitado ao território colombiano é uma matéria da soberania colombiana, sempre quando os dados gerais que se disponham sejam compatíveis com essa delimitação das ações ao território colombiano".
O chanceler esquivou-se de apresentar à imprensa quais seriam as dúvidas efetivas do Brasil com relação a essa limitação. "O presidente Uribe mais uma vez reiterou que esse é o propósito", reconheceu o chanceler, para logo em seguida indicar que a versão trazida pelo líder colombiano ainda está sob suspeita do governo brasileiro.
Segundo Amorim, a diluição dessas dúvidas exigirá novas consultas à Colômbia e também aos EUA. Conforme relatou, o presidente Lula exigiu de Bogotá garantias de que o combate ao narcotráfico - a razão do acordo EUA-Colômbia, que está em fase de conclusão - não significará ingerência militar americana na região. Também insistiu que o Conselho de Defesa da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) é o melhor fórum para a consolidação de um clima de confiança e para que as dúvidas de seus sócios sejam dirimidas "com tranquilidade, de forma técnica". Amorim acrescentou que "os países da América do Sul devem assumir o combate ao narcotráfico, sem ingerências externas".
Uribe dirigiu-se à imprensa para agradecer o "diálogo amplo" que manteve com Lula. Antes de embarcar para Bogotá, na Base Aérea de Brasília, Uribe garantiu a senadores da Comissão de Relações Exteriores que as bases estarão sob comando colombiano e não haverá a presença de forças de combate americanas, mas apenas militares que darão apoio às forças da Colômbia e da área de inteligência. "Manifestamos nossa preocupação, mas ficamos satisfeitos com as explicações de Uribe", afirmou o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), presidente da Comissão.
RESPOSTAS À VISITA DE URIBE
Brasil - Lula disse que bases americanas não o agradam e defendeu que acordo fosse discutido na Unasul; a Uribe, pediu garantias de que tropas americanas só atuariam no combate ao narcotráfico dentro de território colombiano, mas não obteve resposta clara
Uruguai - Apesar de se dizer contra toda presença militar dos EUA no continente, Tabaré Vázquez diz que não tem direito de intervir em "assuntos internos"
Paraguai - Fernando Lugo diz respeitar decisão colombiana e só espera que a presença dos EUA no país "não cause inconveniente a vizinhos"
Argentina - Segundo assessores, Cristina Kirchner repudiou o acordo, alegando que bases americanas são "elemento perturbador" em uma região onde é preciso reduzir as tensões
Chile - Depois de ter se pronunciado contra o acordo em viagem ao Brasil, Michelle Bachelet recebeu Uribe e amenizou o discurso, declarando que respeita a "decisão soberana" de Bogotá
Bolívia - Considera bases americanas uma "agressão" à região; Evo Morales promete levar à reunião da Unasul proposta para impedir que os Estados Unidos usem bases na América do Sul
Peru - Mesmo antes de receber Uribe, Alan García já havia expressado seu apoio ao acordo militar entre Bogotá e Washington; após visita, disse que Uribe "fez muito pela Colômbia e por todo continente"
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Governo brasileiro queria garantias de Bogotá de que tropas dos EUA não vão atuar fora do território colombiano
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não se satisfez com as explicações trazidas por seu colega colombiano, Álvaro Uribe, sobre a utilização de sete bases militares da Colômbia por soldados dos EUA. Ao final de uma conversa de duas horas entre os dois presidentes, o chanceler Celso Amorim revelou que o governo brasileiro teme que as forças dos EUA possam atuar fora do território colombiano.
Segundo Amorim, o Brasil não recebeu de Uribe nenhuma garantia sobre essa limitação. Esse mesmo temor foi expresso, dois dias antes, por Amorim e pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, ao assessor da Casa Branca para Segurança Nacional, general Jim Jones.
Na Base Aérea de Brasília, onde se encontrou com um grupo de senadores da Comissão de Relações Exteriores, Uribe afirmou que a Colômbia negocia apenas a renovação do acordo para manter soldados dos EUA em uma única base. Disse, ainda, que ordenou ao embaixador da Colômbia que compareça ao Senado e preste os esclarecimentos necessários, apresentando até mesmo os documentos da negociação com o governo americano. "Ele nos disse que a tropa fará o que sempre faz: ajuda no combate ao narcotráfico", afirmou o senador Heráclito Fortes (DEM-PI).
Amorim disse que o Brasil "reiterou que um acordo com os EUA que venha a ser específico e delimitado ao território colombiano é uma matéria da soberania colombiana, sempre quando os dados gerais que se disponham sejam compatíveis com essa delimitação das ações ao território colombiano".
O chanceler esquivou-se de apresentar à imprensa quais seriam as dúvidas efetivas do Brasil com relação a essa limitação. "O presidente Uribe mais uma vez reiterou que esse é o propósito", reconheceu o chanceler, para logo em seguida indicar que a versão trazida pelo líder colombiano ainda está sob suspeita do governo brasileiro.
Segundo Amorim, a diluição dessas dúvidas exigirá novas consultas à Colômbia e também aos EUA. Conforme relatou, o presidente Lula exigiu de Bogotá garantias de que o combate ao narcotráfico - a razão do acordo EUA-Colômbia, que está em fase de conclusão - não significará ingerência militar americana na região. Também insistiu que o Conselho de Defesa da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) é o melhor fórum para a consolidação de um clima de confiança e para que as dúvidas de seus sócios sejam dirimidas "com tranquilidade, de forma técnica". Amorim acrescentou que "os países da América do Sul devem assumir o combate ao narcotráfico, sem ingerências externas".
Uribe dirigiu-se à imprensa para agradecer o "diálogo amplo" que manteve com Lula. Antes de embarcar para Bogotá, na Base Aérea de Brasília, Uribe garantiu a senadores da Comissão de Relações Exteriores que as bases estarão sob comando colombiano e não haverá a presença de forças de combate americanas, mas apenas militares que darão apoio às forças da Colômbia e da área de inteligência. "Manifestamos nossa preocupação, mas ficamos satisfeitos com as explicações de Uribe", afirmou o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), presidente da Comissão.
RESPOSTAS À VISITA DE URIBE
Brasil - Lula disse que bases americanas não o agradam e defendeu que acordo fosse discutido na Unasul; a Uribe, pediu garantias de que tropas americanas só atuariam no combate ao narcotráfico dentro de território colombiano, mas não obteve resposta clara
Uruguai - Apesar de se dizer contra toda presença militar dos EUA no continente, Tabaré Vázquez diz que não tem direito de intervir em "assuntos internos"
Paraguai - Fernando Lugo diz respeitar decisão colombiana e só espera que a presença dos EUA no país "não cause inconveniente a vizinhos"
Argentina - Segundo assessores, Cristina Kirchner repudiou o acordo, alegando que bases americanas são "elemento perturbador" em uma região onde é preciso reduzir as tensões
Chile - Depois de ter se pronunciado contra o acordo em viagem ao Brasil, Michelle Bachelet recebeu Uribe e amenizou o discurso, declarando que respeita a "decisão soberana" de Bogotá
Bolívia - Considera bases americanas uma "agressão" à região; Evo Morales promete levar à reunião da Unasul proposta para impedir que os Estados Unidos usem bases na América do Sul
Peru - Mesmo antes de receber Uribe, Alan García já havia expressado seu apoio ao acordo militar entre Bogotá e Washington; após visita, disse que Uribe "fez muito pela Colômbia e por todo continente"
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