A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, deu esclarecedora entrevista a Valdo Cruz, na Folha de ontem. A pré-candidata ao Planalto sinaliza como será o tom do debate em 2010.
"A tese do Estado mínimo é uma tese falida, ninguém aplica, só os tupiniquins", elaborou Dilma. E mais: "Esse país não pode ter vergonha mais de ser patriota".
O discurso da ministra mistura patriotismo com a necessária presença do Estado em certas áreas. A fala contrasta com a fase de pós-patriotismo mundial neste início de século 21. Barack Obama ganhou a Casa Branca pregando integração.
Desidratou aquele ar de peito estufado dos norte-americanos. Já aqui, um efeito retardado ressuscita a patriotada do "ame-o ou deixe-o" dos anos 70. Dilma e o PT redescobrem o ufanismo do hino informal da ditadura militar, o "Este é um país que vai pra frente".
A estratégia dilmista é desenhada para 2010. Eleições presidenciais são dominadas por eixos temáticos.
Vence quem impõe o seu. Quem entende a psique coletiva e dialoga na língua do eleitor. Collor encarnou o novo em 1989.
Era um "jovem velho", mas o meio era a mensagem. Em 1994, o país queria o fim da inflação. FHC assumiu o papel. Em 1998, a memória recente dos preços descontrolados deu outro mandato ao tucano.
Lula beneficiou-se em 2002 da inflação controlada. Prometeu mudança. O eleitor se deu ao luxo de experimentar. Em 2006, o petista descobriu a delícia de ser patriota.
Afogado no mensalão, adotou a máxima do poeta inglês Samuel Johnson: o patriotismo é o último refúgio -corto a frase para evitar ferir suscetibilidades petistas.
Dilma imita a fórmula. Agarra-se ao oceano publicitário do "Brasil grande" lulista, indutor da demanda por patriotismo e estadolatria. A ex-brizolista segue seu papel à risca num balé cujo nome bem poderia ser "a vanguarda do atraso".
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