BRASÍLIA - O PT, partido no poder há quase nove anos, faz aqui na capital seu 4º Congresso num clima bem diferente daquele imaginado por seus líderes antes da eleição de Dilma Rousseff.
Durante os oito anos de Lula no Planalto, petistas reclamavam de que seu principal líder não era fiel seguidor da cartilha econômica do partido e não dava ouvidos para a cúpula partidária.
Depois de engolirem a indicação de Dilma como candidata à Presidência, os dirigentes do PT passaram a enxergar na sua eleição a oportunidade de, enfim, como eles próprios definiam na época, chegarem ao poder de fato.
O raciocínio de então era que Dilma, petista neófita, não era Lula, figura muito maior do que seu partido. A gaúcha-mineira, de fora do circuito paulista que se acostumou a mandar na legenda, dependeria muito mais da cúpula partidária para governar.
Sem falar que ela tinha mais afinidade com as teses econômicas tradicionais do PT, como a defesa da intervenção estatal na economia e a crítica feroz à política de juros altos do Banco Central.
Bastaram oito meses de governo para o sonho se tornar quase um pesadelo. Surgiram reclamações de todo tipo: Dilma não se reúne com o PT, recusa-se a nomear apadrinhados e fez um corte de gastos maior do que o da era Lula.
A insatisfação chegou a tal ponto que alguns petistas chegaram a ensaiar um coro pedindo a volta de Lula em 2014, contido graças à intervenção do ex-presidente.
Nos últimos dias, aconselhada pelo mentor, Dilma se mostrou mais solícita e acalmou os ânimos no PT. Seu BC ainda deu uma forcinha baixando os juros na contramão do mercado, música para os ouvidos petistas.
Resultado: o clima no congresso do partido, aberto ontem por Lula e Dilma, será ameno e festivo. As aparências, contudo, podem enganar. Por enquanto, a calmaria é apenas aparente.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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