Relatório vê cenário pessimista para emprego, investimentos e empréstimos
Relatório da União Europeia reviu para baixo as previsões para o bloco em 2012. A perspectiva de crescimento desabou de 1,8% para 0,5%. Não haverá melhora no emprego. Os novos investimentos serão adiados e os empréstimos diminuirão.
O economista-chefe Olli Rehn disse que a economia da zona do euro está estagnada e que há risco de nova recessão. Rehn pede urgência para romper o círculo vicioso formado por "finanças públicas frágeis" e um "setor financeiro vulnerável".
Europa admite riscos de recessão no ano que vem
Relatório da UE traz previsão pessimista para economia, emprego e dívida
Comissão Europeia reduz de 1,8% para 0,5% a projeção de crescimento do PIB dos países do euro em 2012
Vaguinaldo Marinheiro
LONDRES - A UE (União Europeia) admitiu ontem o que a grande maioria dos economistas já dava como certo: a economia dos 17 países que utilizam o euro está estagnada e há risco de nova recessão.
A Comissão Europeia, órgão executivo da UE, reviu para baixo sua previsão de crescimento para o bloco em 2012, de 1,8% para 0,5%.
Neste último trimestre de 2011, deverá haver uma contração de 0,1% sobre o trimestre anterior. Para os três primeiros meses de 2012, a previsão é que não haja nem crescimento nem queda.
O relatório divulgado ontem é todo pessimista. Não haverá melhora no emprego; empresas irão adiar ou cancelar investimentos; o consumo já caiu e continuará assim por algum tempo; bancos reduzirão os empréstimos.
Tudo culpa das incertezas com as contas públicas e as dívidas de alguns países.
"Essas previsões são de fato o último sinal de alerta", afirmou Olli Rehn, economista-chefe da UE.
"O crescimento estagnou na Europa, e existe o risco de uma nova recessão", acrescentou Rehn.
O presidente do Fed (o banco central americano), Ben Bernanke, alertou ontem que os Estados Unidos não escaparão das consequências de uma recessão europeia.
A UE prevê melhora na economia só a partir da segunda metade de 2012.
No caso do emprego, mais adiante. A taxa de desemprego média deve ficar na casa dos 10% ao menos até 2013.
Rehn voltou a dizer que é hora de medidas emergenciais para romper o círculo vicioso das "frágeis finanças públicas" que afetam o "vulnerável setor financeiro", que, por sua vez, é afetado por elas.
A questão é o que fazer. O economista Nouriel Roubini, famoso por prever a crise global de 2008, afirma que a única forma de evitar o desastre é o Banco Central Europeu comprar em grande volume os títulos de países em dificuldade, reduzir a taxa de juros para 0% na zona do euro e desvalorizar a moeda.
Uma maior participação do BCE na compra de títulos é também o que pedem políticos como o presidente francês, Nicolas Sarkozy.
Mas o governo alemão e o próprio banco são contra. Dizem que não cabe ao BCE garantir as dívidas de países-membros do bloco, que isso afetaria os tratados da UE e feriria sua independência.
DIFERENÇAS
Na previsão da UE, continuam as diferenças entre os países europeus.
Para a Alemanha, a expectativa é que cresça 2,9% neste ano e 0,8% em 2012.
Na Itália, que agora está no centro da crise, as apostas são de 0,5% em 2011 e 0,1% no ano que vem.
Em muito pior situação está a Grécia: -5,5% neste ano e -2,8% no próximo.
Ontem, a Alemanha negou que esteja sendo discutida uma reconfiguração da área do euro, com a exclusão dos chamados países periféricos (como Grécia, Itália, Portugal e Espanha). Ficaria um grupo com economias mais fortes e em ordem, formado pela Alemanha e parte de seus vizinhos, com uma maior integração econômica.
O presidente da Comissão Europeia, o português José Manuel Durão Barroso, disse que a divisão seria perigosa.
"Não pode haver paz e prosperidade no norte e no oeste da Europa se não houver no sul e no leste", disse.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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