Com o dobro de manifestantes que o esperado, movimento parou o trânsito na área central de Brasília. As seis faixas do Eixo tiveram de ser fechadas
Depois de dois dias de movimentação fraca, a manifestação dos servidores cumpriu o prometido e reuniu na manhã de ontem aproximadamente 10 mil pessoas em caminhada pela Esplanada. O número de participantes, estimado pela Polícia Militar, é o dobro do esperado pela Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef). A marcha chegou a ocupar as seis faixas do Eixo Monumental e lotou a Praça dos Três Poderes. A multidão, no entanto, parece não ter intimidado o governo. A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, não recebeu os grevistas e o Palácio do Planalto nem sequer deu sinal de mudança na decisão de não conceder o reajuste salarial aos servidores.
Os manifestantes iniciaram o percurso em marcha às 10h, em frente à Catedral. De lá, seguiram ao Palácio do Planalto e, depois, ao bloco do Ministério do Planejamento. Com o movimento, o trânsito na área central de Brasília foi bastante prejudicado. Para o diretor da Condsef, Sérgio Ronaldo, a intransigência do Executivo em não receber os manifestantes só deve fortalecer o movimento. "O governo não pode continuar nos ignorando. Precisa aprender a administrar esse conflito com os servidores. A greve cresce a cada negativa de diálogo. Vamos nos esforçar para que a ministra do Planejamento nos receba até o último dia do acampamento", enfatizou.
O secretário executivo da Central Sindical Popular (CSP), Paulo Barela, acredita que a marcha de ontem superou as expectativas e deve, sim, pressionar o Palácio do Planalto. "A caminhada serviu para avaliar o fôlego da greve. Depois de 60 dias de paralisação, a mobilização de 10 mil pessoas mostra que o movimento ainda está vivo", garante. O acampamento dos servidores vai até a sexta-feira. No fim da tarde de ontem, eles voltaram a se reunir em frente ao Ministério do Planejamento e foram recebidos pelo secretário de Relações do Trabalho, Sérgio Mendonça. Na ocasião, os líderes sindicais entregaram ao secretário às propostas de cada categoria. Hoje, os manifestantes devem se mobilizar de novo nos arredores do prédio.
Confusão
Apesar de o percurso ter sido cumprido, em termos gerais, de forma tranquila, os protestos excessivos de alguns servidores e estudantes na porta dos ministérios da Educação (MEC) e do Planejamento provocaram um princípio de confusão. Os grevistas entraram em confronto com a polícia ao tentarem pichar os muros do MEC. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, comentou o episódio. "É um ato que agride o patrimônio e não contribui para o movimento. Tenho certeza de que esses jovens não vão se orgulhar disso no futuro", ressaltou.
Mas o clima ficou mais tenso quando manifestantes tentaram ocupar o prédio do Planejamento. Para conter o grupo, a Polícia Militar usou gás de pimenta. Um dos manifestantes chegou a jogar um sinalizador em um policial. De acordo com a PM, duas pessoas foram presas, mas, um tempo depois, liberadas.
Negociações
Os representantes da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU) e do Sindicato dos Urbanitários no DF (Stiu) se reúnem hoje, às 12h, com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, para discutir o reajuste salarial de 10,73%. Já os servidores das agências reguladoras farão, à tarde, uma "marcha da regulação" entre a Catedral e o prédio do Planejamento, que será seguida de reunião com a Secretaria de Relações do Trabalho (SRT) do órgão. A categoria estima que 4,2 mil trabalhadores estão parados.
FONTE: CORREIO BRAZILIENSE
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