Manifestação no Distrito Federal acaba em tumulto que PM dispersa com gás pimenta; Mercadante acha ato “legítimo” mas diz que vandalismo "não contribui"
Alana Rizzo, Tânia Monteiro
BRASÍLIA - Em mais um dia de paralisação, funcionários públicos em greve entraram ontem em confronto com a Polícia Militar do Distrito Federal. O tumulto ocorreu em frente ao Ministério do Planejamento, depois de os manifestantes cercarem o prédio e um grupo pintar a fachada do Ministério da Educação. Entre as pichações, a frase “Negocia Dilma já”.
Na confusão, os policiais chegaram a usar gás de pimenta para dispersar os manifestantes – e dois deles foram presos. Também foram lançados sinalizadores e cones. Integrantes do movimento sindical reclamaram da ação da polícia. Cauteloso, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, disse que o protesto “não expressa a atitude dos docentes e dos servidores” e que ao vandalismo não contribui em nada”. O ministro disse que considerava a manifestação “legítima e bonita”, mas acrescentou que “um ato que agride o patrimônio público em nada contribui”. Os servidores haviam chegado de diversos Estados e reivindicavam aumento salarial e igualdade dos contracheques dos aposentados com os dos trabalhadores ativos.
A certa altura, a violência preocupou os manifestantes. “A gente que está com criança tem que ficar bem afastado. É muita confusão”, reclamou Angélica Soares, de 32 anos, que está grávida e ali estava com os dois filhos. Sobre a reivindicação dos professores, ela disse que não poderia comentar. “Só sei que querem ganhar mais.”
Desempregada, Angélica faz parte do Movimento Novo Pinheirinho e diz ter participado da manifestação pela promessa de ganhar um lote. “Não sei se avançaram na negociação hoje. Preciso de um terreno porque vivo há muitos anos de aluguel.”
Invasão
À tarde, cerca de 600 famílias do Movimento dos Sem Teto invadiram o prédio do Ministério das Cidades. Os militantes cobravam moradias do programa Minha Casa, Minha Vida e informações sobre as remoções para as obras da Copa de 2014.
A marcha pela Esplanada dos Ministérios começou logo cedo, com um enorme protesto em frente ao Palácio do Planalto, onde foi realizado um enterro simbólico da presidente Dilma Rousseff. A previsão inicial era que ela estaria no Planalto, mas acabou despachando com o ministro da javascript:void(0)Fazenda, Guido Mantega, no Alvorada. As manifestações em frente ao Planalto têm sido praticamente diárias, ao contrário do que ocorria no governo Lula.
Policiais militares, seguranças do Planalto e militares do Exército faziam a segurança das instalações do Planalto. Havia a preocupação de que servidores mais exaltados tentassem seguir da Praça dos Três Poderes para o Planalto, como já aconteceu em outras ocasiões. Também preocupava a polícia militar o fato de haver muita gente participando do protesto. Em nota, o Ministério da Educação informou que a Polícia Federal foi chamada para periciar os estragos feitos (no MEC), para que depois sejam feitos a limpeza e os demais reparos necessários.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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