quinta-feira, 19 de julho de 2012

Professores grevistas terão reajuste real, afirma Planejamento

Lucas Marchesini e Luciano Máximo

BRASÍLIA e SÃO PAULO - Em resposta ao movimento grevista das universidades e escolas técnicas federais, que desqualificou a proposta de reajuste salarial do governo com o argumento de que parte dos aumentos não cobre a inflação acumulada até 2015, o Ministério do Planejamento apresentou detalhes que garantem ganho real para os 105 mil professores da ativa e aposentados.

Os cálculos foram feitos com base nos reajustes concedidos desde o início do governo Lula, em janeiro de 2003, até a projeção de inflação para 2015. Para verificar ganho real, foi considerado o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado e projetado no período. O governo usou a marca de 4,7% para a inflação deste ano e o centro da meta, de 4,5%, para os três anos seguintes.

De acordo com os dados, 52 mil professores doutores com dedicação exclusiva, da ativa e aposentados - a maior classe da categoria -, terão acumulado aumento real de 56,82% em 2015. Na outra ponta, os 2,5 mil docentes com carga de 40 horas semanais e título de mestrado terão atingido reajuste real de apenas 0,55%.

Em entrevista ao Valor, ontem, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, reiterou que a ideia do governo é valorizar os professores com maior titulação. Contraditoriamente, os 2,2 mil docentes com carga horária semanal de 20 horas e mestrado alcançarão o maior ganho real, de 77%, considerando o período entre janeiro de 2003 e dezembro de 2015.

O secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, declarou, em nota, que o Brasil vive um "momento econômico delicado" para conceder aumentos salariais, mas que o governo está disposto a dar reajustes "acima da inflação" aos professores. "A valorização dos docentes não começou este ano. A reestruturação da carreira dos professores vem acontecendo desde 2003, com recomposição salarial ano após ano".

Em resposta à manifestação realizada ontem na Esplanada dos Ministérios, Mendonça disse que "os professores vêm recebendo aumentos reais, recompondo as perdas de vencimentos acumuladas em décadas."

Segundo Mendonça, o governo considera 31 de agosto o prazo final para as negociações com os servidores em greve, data em que se encerra também a possibilidade de incluir eventuais reajustes na proposta do Orçamento da União 2013. O governo já afirmou que não considera a concessão de novos aumentos neste ano, mas apenas em 2013.

Além dos professores, estão em greve servidores de 24 Estados e do Distrito Federal do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), da Fundação Nacional do Índio (Funai), Fundação Nacional de Saúde (Funasa), do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Arquivo Nacional, Hospital das Forças Armadas, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (Dnit), além dos ministérios da Saúde, Justiça, Trabalho, Previdência, Integração Nacional, Agricultura, Desenvolvimento Agrário e Planejamento, além do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), das agências reguladoras e do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).

FONTE: VALOR ECONÔMICO

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