Há uma razão não explicitada para que a campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff tenha se concentrado no eleitorado feminino e nas regiões Norte e Nordeste, neste momento. É que, faltando quase dois anos para a eleição presidencial, a avaliação feita pelo contingente político do governo é que a candidatura do governador Eduardo Campos, pelo PSB, é a que está melhor estruturada, com mais avançadas perspectivas em comparação com os demais prováveis adversários.
Existem conjecturas sobre essa candidatura. A primeira é que o governo acha que ela não tem mais volta, Eduardo Campos é candidato a presidente e, ao redor da presidente, já não se lamenta o aliado perdido, ao contrário, resiste-se a dá-lo como perdido. Às vezes ainda aparece um ataque do PT aqui, outro acolá, uma entrevista do Luiz Marinho, como sempre, agressivo, mas nenhuma dessas grosserias está vocalizando o pensamento da presidente Dilma. Podem estar a serviço do ex-presidente Lula, cuja tarefa sempre é fazer a confusão. Dilma não, pretende evitar jogar Eduardo nos braços da oposição, não deseja afastá-lo de uma aliança no segundo turno se não for ele a disputar os votos com ela, e acredita que essas intenções não se viabilizam se forem queimadas as pontes nas preliminares.
Enquanto não chegam momentos de definição mais difícil, o pessoal de Campos continuará no governo, a não ser que alguém faça questão de pedir para sair. Isso significa, por exemplo, que não há intenção de demitir o ministro da Integração, Fernando Bezerra, nem ele precisa precipitar uma mudança de partido para continuar no governo. A presidente, como chefe do governo, também não vai puni-lo por desafiá-la. O Palácio do Planalto fez questão de divulgar desmentido público a uma análise publicada sobre gastos do governo que aponta redução drástica dos repasses a Pernambuco. "O Eduardo vai ter que sair, romper, vai ter que falar que vai embora, o governo não vai dar pretexto para empurrá-lo para a oposição", diz uma autoridade.
O adversário é Aécio, mas Eduardo tem a melhor campanha
Acredita-se, no governo, que Campos contratou equipe de especialistas em campanha, liderada por Duda Mendonça, além do maior especialista brasileiro em análise de pesquisa, Antonio Lavareda, para a candidatura a presidente, não para melhorar a imagem do governador de Pernambuco. No melhor estilo da dupla "poolster" e "strategist" das campanhas americanas, Duda e Lavareda estão deixando digitais nesse início de conversa eleitoral.
Estão sendo considerados bem sucedidos também seus movimentos de atração de partidos médios, como PDT, PTB e PPS. Em outras temporadas, Duda já fez a cabeça do governo, quando trabalhou para o PT, para não desejar mais que 4 ou 5 minutos de propaganda gratuita no rádio e na televisão. Mais que isso as pessoas se cansam e não se lembram do que ouviram e viram. A tentativa de atração dos partidos médios para se aliarem ao PSB é vista como um movimento preciso para formar esses 4 ou 5 minutos.
Considera-se competente também a reorganização promovida pelo PSB na sua performance no Parlamento, na escolha dos líderes. Para o governo, o líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque, o primeiro e irredutível defensor da candidatura de Eduardo Campos em 2014, está com uma atuação um tanto exagerada, mas até nisso o desculpam. Seria um recall de profunda decepção com a aliança feita no Sul com o governador Tarso Genro.
O fato é que Beto Albuquerque, à parte a avaliação que sobre ele faz o governo, é um radical defensor de Eduardo Campos, presidente do seu partido, e toca a sua tarefa.
Eduardo estaria, ainda, nessa visão governista da sua campanha, aproximando-se de empresários e, principalmente, para irritação do PT, da mídia. Mesmo que ainda sejam notados mais apoios ao governo petista que a qualquer um de seus adversários, o Planalto já registrou que a mídia tem enorme simpatia pela candidatura do governador pernambucano.
As outras candidaturas adversárias ainda não têm consistência para levar o governo à reflexão. Marina Silva ainda faz seu partido e não se vislumbra como sairá do intrincado enredo de teses evangélicas e ambientalistas que se misturam no seu projeto e na sua concepção do mundo. E Aécio Neves, do PSDB, que Dilma tomará certamente como principal adversário vez que preservará Eduardo Campos para a conquista do segundo turno, dá os primeiros passos para formação de equipe especializada numa atuação nacional e faz os testes iniciais de teses e projetos. Para o governo, está mais visível uma candidatura de José Serra por outro partido do que a candidatura Aécio como o principal líder da oposição.
B; rasil e Venezuela passarão por uma revisão radical de suas relações políticas, diplomáticas e comerciais. Até agora, o personalismo definia o modelo. Era Hugo Chaves e Lula. Privilégios, liberalidade, política pró-Sul, relação direta e amizade pessoal. Agora, tudo o que foi feito terá que ser institucionalizado. Nicolás Maduro sabe que não tem o carisma de Chavez e terá que fazer o país funcionar melhor. Uma sucessão parecida com os personagens da política brasileira Lula e Dilma.
Terão que ir para o papel, institucionalizando-se, as parcerias que vêm dando certo, como a implantação do Minha Casa na Venezuela, a relação com empresários brasileiros, a retirada do seu dinheiro do país, as negociações sobre a refinaria, enfim, dezenas de iniciativas acertadas verbalmente que entram agora nos eixos de uma relação formal entre países e não mais entre pessoas.
Outra questão muito importante que vai exigir colaboração do Brasil é o início de reaproximação entre Venezuela e Estados Unidos.
Maduro, em discurso para a linha dura interna, acusou os Estados Unidos de até terem inoculado o câncer em Chavez. No plano da realidade, porém, já dá sinais de que uma reaproximação é possível, e o Brasil pode ajudar nisso. Totalmente solidário, o Brasil se ofereceu para apoiar tudo, da nova conversa com os Estados Unidos ao mutirão para fazer a economia funcionar. O gogó já não resolve a vida dos venezuelanos, como não resolve mais também a dos brasileiros.
Fonte: Valor Econômico
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