João Domingos, Denise Madueño
BRASÍLIA - O PSDB anunciou ontem o que chama de "guerra para salvar o País". A investida foi inaugurada com o seminário Recuperar a Petrobras é nosso desafio, no qual a sigla de oposição apresentou uma espécie de dossiê da estatal na gestão do PT. O texto cita 11 itens que os tucanos consideram ter levado a empresa ao declínio, entre eles o aparelhamento de cargos, o aumento de dívidas e a queda das ações. Agora, o partido promete documentos semelhantes sobre outras áreas do governo.
"Ou acabamos com esse PT, com esse domínio autoritário, ou eles acabam com o Brasil", disse o vice-presidente do PSDB, ex-deputado e ex-governador de São Paulo Alberto Goldman. "É assim que eu gosto, de ver um partido em pé de guerra. Quando é preciso fazer guerra, vamos fazer guerra para defender o País", afirmou, após citar o discurso da presidente Dilma Rousseff feito há cerca de dez dias segundo o qual pode- se "fazer o diabo" numa eleição.
Durante o seminário, em Brasília, militantes do PSDB Jovem ocuparam a sala da Comissão do Orçamento da Câmara com máscaras de Dilma e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e as mãos pintadas de preto, imitando gestos passados dos dois petistas em locais de extração de petróleo, quando anunciaram que o Brasil era autossuficiente na produção de combustíveis, algo que os tucanos chamam, no texto, de "mito".
Pré-candidato tucano ao Planalto, o senador Aécio Neves (MG) ouviu gritos de "futuro presidente da República" ao iniciar sua participação e o coro de "Brasil pra frente, Aécio presidente", quando encerrou o discurso. Aécio admitiu que o ato em "defesa da Petrobras" faz parte da campanha presidencial antecipada. Disse que outros se repetirão para tratar de questões como o "BNDES e seu orçamento paralelo", a falta de segurança no País, o pacto federativo e o modelo de privatização do governo petista, chamado de regime de concessões. "Quem começou a campanha foi a presidente Dilma", afirmou ele em entrevista coletiva.
O senador disse que a falta de planejamento e o aparelhamento político da Petrobras trouxeram prejuízos à empresa e ao País de cerca de R$ 15 bilhões por ano, além de derrubá-la da liderança de maior empresa da América Latina. Afirmou que a gestão atual da Petrobras "é temerária" e defendeu ser importante "contrapor o Brasil real ao Brasil virtual, da propaganda, desenvolvido pelo PT". Para Aécio, é missão do PSDB e da oposição "demonstrar que, no futuro, a meritocracia vai tomar o lugar do aparelhamento, o planejamento vai superar o improviso e a responsabilidade vai tirar o lugar do despreparo e da irresponsabilidade".
Acusações. Aécio acusou ainda a direção da Petrobras de ter comprado uma refinaria em Pasadena, nos Estados Unidos, por um preço superfaturado, que superou a casa de R$ 1 bilhão. Segundo ele, os que venderam a planta para a Petrobras a haviam comprado por R$45 milhões. Ele pediu que o Ministério Público investigue a operação. O senador disse ainda que o PSDB vai trabalhar para, efetivamente, acabar com a pobreza, não ficando apenas no papel. "Que a pobreza seja superada com ações e não por decreto presidencial."
Para o presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), debater os problemas da Petrobras é um dever cívico. "A condução que se deu a ela é comprometedora. Há um cenário de desordem na Petrobras. Foi usada no passado como instrumento de propaganda, da última vez para campanha da presidente Dilma. Queremos denunciar o óbvio: a refinaria de Pernambuco (Abreu de Lima) custa quatro vezes mais do que deveria custar. Evidentemente que assumiu diretoria nova, que denunciou irregularidades da diretoria anterior. Mas o fato é que envolve os mesmos interesses. A Petrobras deve estar a serviço do desenvolvimento do País."
Fonte: O Estado de S. Paulo
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