quarta-feira, 13 de março de 2013

PSB busca novas alianças

Paulo de Tarso Lyra

O governador de Pernambuco e provável candidato à Presidência pelo PSB em 2014, Eduardo Campos, tem conversado com representantes de diversos partidos em busca de palanques alternativos para os correligionários nas eleições estaduais do ano que vem. Além de fechar o apoio dos cinco governadores do PSB — a única voz ainda resistente é a do governador do Ceará, Cid Gomes —, Campos tem conversado com representantes de outros partidos para escapar da necessidade de uma aliança com o PT em 2014.

Eduardo Campos chegou a Brasília no início da noite de ontem com uma série de conversas agendadas. Os encontros devem se estender até hoje, após a reunião dos governadores na Câmara para discutir o pacto federativo. Na semana passada, antes do anúncio de R$ 33 bilhões destinados a obras de saneamento e mobilidade urbana, o governador do PSB já havia conversado com o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio (PSDB).

No radar do socialista pernambucano ainda estão nomes como o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo (PSD), e dos senadores Blairo Maggi (PR-MT) e Waldemir Móka (PMDB-MS). “Com a decisão de termos candidato próprio, não haverá como nos aliarmos ao PT nos estados. Eles abrirão o palanque para Dilma Rousseff”, justificou o líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque (RS).

Na prática, o PSB está concretizando nas articulações o que setores do PMDB temem que aconteça no ano que vem: os candidatos peemedebistas aos governos estaduais podem ficar à espera de uma sinalização de apoio de Dilma e acabar descobrindo que não existe espaço para palanques duplos quando um deles é ocupado por um candidato do PT.

A intenção do PSB até o momento é ter, pelo menos, doze candidatos próprios aos governos estaduais no ano que vem. Nos locais onde isso não for possível, o plano é encontrar as composições políticas mais próximas dos objetivos do partido de eleger o próximo presidente da República. Beto diverte-se com a irritação que o PT tem demonstrado com as pretensões do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, de candidatar-se ao Palácio do Planalto. “A presidente Dilma não deveria se preocupar conosco. Ela deveria estar preocupada com a economia e com as brigas entre PT e PMDB nos estados”, disse Beto.

Moka e Blairo Maggi devem ser candidatos por seus respectivos partidos aos governos locais no ano que vem. Além disso, os dois são expoentes do agronegócio, setor importante da economia brasileira que impediu um resultado ainda menos pífio do Produto Interno Bruto (PIB) de 2012, que fechou em 0,9%. Mas outras conversas já estão alinhavadas.

No Paraná, por exemplo, Beto acha possível um contato com o atual governador, Beto Richa (PSDB). A proximidade entre as duas legendas remete a velhos caciques políticos: José Richa (pai de Beto) e Miguel Arraes (avô de Eduardo Campos). O tucano provavelmente abrirá seu palanque para Aécio Neves. Mas, como as duas legendas são aliadas no plano local, os socialistas também mantêm esperança de uma composição com os tucanos.

Outra aposta arriscada acontece em São Paulo. O PSB está de olho nos movimentos do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab. O ex-prefeito de Sâo Paulo vem sendo estimulado pelo partido a candidatar-se ao governo. O Correio apurou que Kassab admite ter poucas chances diante da polarização entre PT e PSDB, mas pretende ser fundamental em um eventual segundo turno. Isso o cacifaria a ocupar um ministério importante em 2015, caso Dilma seja reeleita presidente da República.

Reposicionamento

Para Beto Albuquerque, o partido precisa se reposicionar neste momento em que busca pavimentar a candidatura presidencial de Eduardo Campos. “No Rio Grande do Sul, por exemplo, temos o vice-governador na chapa de Tarso Genro. Mas teremos candidato próprio no ano que vem. A mesma coisa vai acontecer no Distrito Federal”, disse Beto.

O PSB também não descarta possíveis alianças com os peemedebistas dissidentes. De longe, a legenda acompanha a briga do PMDB fluminense com o PT. “Por que não imaginar que Eduardo teria um espaço no palanque de Pezão (Luiz Fernando Pezão, vice de Sérgio Cabral e provável candidato do PMDB ao governo do Rio)”? provocou Beto. Mas ele adianta que as conversas com o partido não começaram ainda. “Temos que esperar para ver se há sinais de divórcio. Não podemos nos antecipar”, justificou.

Fonte: Correio Braziliense

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