Três aspectos podem ser destacados para entender os frequentes deslocamentos de Dilma para o Nordeste, que concentra 27% do eleitorado.
Primeiro: não se deve duvidar dos efeitos nefastos da estiagem que tem atingido grande parte da região. Os programas de transferência de renda asseguram um alívio mínimo à população. Entretanto, mais uma vez observa-se a fragilidade da economia do semiárido diante da prolongada ausência de chuvas.
Assim, é fundamental a solidariedade do governo. A presença é obrigatória. Não haveria discurso possível para justificar uma ausência.
Segundo: a presença física do presidente nos Estados é uma tradição por ocasião de inaugurações de obras e lançamento de programas. Essas ocasiões não poderiam ser desperdiçadas por Dilma, tendo em vista sua trajetória um tanto distante do Nordeste.
Terceiro: a antecipação do processo de sucessão está influenciando a agenda da presidente. Ela privilegia o Nordeste em razão do surgimento de uma dissidência na base. A iminente candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), é um fator de preocupação para o projeto de reeleição.
O provável embate entre os dois terá o Nordeste como cenário principal, em razão do crescimento eleitoral do PSB em 2010 e 2012 e da força do governo federal na região a partir do governo Lula.
Para Dilma é preciso manter a influência do governo no Nordeste para impedir que a pretensão de Campos possa prosperar, evitando que ele monopolize o discurso a favor dos interesses regionais.
Ricardo Ismael é professor e pesquisador da PUC-Rio
Fonte: Folha de S. Paulo
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