Daniela Lima, Marina Dias – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), deu início a uma articulação para recriar o Ministério da Cultura. A estratégia prevê que o Congresso apresente uma emenda à medida provisória assinada pelo presidente interino, Michel Temer, que resultou na fusão da pasta com a Educação.
O peemedebista falou com Temer sobre o assunto nesta quarta (18), como antecipou a coluna Painel, da Folha. Em seguida, comunicou a estratégia a aliados, pediu apoio e defendeu publicamente arecriação do órgão.
"O Ministério da Cultura não vai quebrar o Brasil, mas sua extinção quebrará a nação porque coloniza a sociedade", disse o senador. Após as declarações, Temer divulgou um áudio em que afirma que "não é o fato de ser ou não ministério que reduz a atividade da cultura no país". Ele ainda prometeu ampliar a destinação de recursos para a área.
Ainda assim, Renan foi em frente com a articulação. Ele pretende fazer uma reunião na Casa com artistas que vêm protestando contra o fim do ministério. Pessoas próximas ao senador iniciaram consultas jurídicas para se certificar de que a mudança pode ser feita pelo Congresso sem questionamentos legais.
Segundo aliados, Renan só está fazendo uma movimentação tão enfática porque teria acertado todo o cronograma com o presidente interino. Aliados de Temer, no entanto, negaram que haja intenção em reverter a fusão.
O presidente interino vem sendo criticado há dias pelo meio cultural por ter tirado o status de ministério e ter criado, em substituição, a Secretaria Nacional da Cultura. Na tarde de quarta (18), o governo anunciou o atual secretário municipal de Cultura do Rio, Marcelo Calero, como o titular do órgão.
Nesta quinta (19), ocupações em prédios públicos contra a decisão ocorrem em ao menos 16 capitais.
Carta
Os nove governadores de Estados do Nordeste assinaram uma carta na quinta criticando a extinção da pasta. No texto, os governadores defendem o fortalecimento de políticas construídas ao longo da existência do MinC.
Entre os signatários estão dois governadores do PMDB: Renan Filho (AL), filho do presidente do Senado, e Jackson Barreto (SE). Também assinam os governadores Rui Costa (PT-BA), Camilo Santana (PT-CE), Wellington Dias (PT-PI), Flávio Dino (PCdoB-MA), Paulo Câmara (PSB-PE), Ricardo Coutinho (PSB-PB) e Robinson Faria (PSD-RN).
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