sexta-feira, 20 de maio de 2016

Desemprego de jovens aumenta

• Taxa passou de 19,4% no 4º trimestre de 2015 para 24,1% no início deste ano

Daiane Costa - O Globo

Quase um quarto dos jovens no país está sem emprego. A taxa de desocupação na faixa etária de 18 a 24 anos saltou de 19,4% no fim do ano passado para 24,1% no primeiro trimestre. Na média do Brasil, o desemprego está em 10,9%. A taxa de desemprego entre jovens avançou com força no primeiro trimestre deste ano. Entre os trabalhadores que estão na faixa etária de 18 a 24 anos, 24,1% estão desempregados. No fim do ano passado, essa parcela era de 19,4%. Na média, o desemprego subiu de 9% para 10,9%. Para Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, instituto que divulgou o índice da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua ontem, o aumento expressivo do desemprego entre os jovens e também entre as mulheres — a taxa passou de 10,6% para 12,7% — reflete a perda do emprego com carteira assinada, principalmente, pelo chefe de família. Com a perda da renda, outros membros da família acabam sendo empurrados a buscar uma ocupação para compor o orçamento doméstico.



O problema, afirma Bruno Ottoni, especialista em mercado de trabalho da Fundação Getulio Vargas (FGV) é que são dois grupos com pouca qualificação e experiência. Duas características que, num cenário de escassez de vagas, acaba dificultando a inserção no mercado. Com isso, os dois grupos acabam engrossando a fila do desemprego.

— Nesse momento de crise, há muitos jovens sem experiência e mulheres que estavam sem trabalhar, porque a renda do marido era suficiente nos últimos anos. Agora, estão precisando sair de casa para buscar emprego — analisa o pesquisador.

No Rio, desemprego de 10%
O desemprego atingiu com força mais os jovens, mas avançou para todos. Na passagem do último trimestre de 2015 para o primeiro deste ano, saltou de seis para 17 o número de estados com taxa de desemprego de dois dígitos, além do Distrito Federal. O Rio de Janeiro foi um deles. Era de 8,5% no fim do ano e passou para 10% no primeiro trimestre de 2016. As maiores taxas no primeiro trimestre de 2016 estão na Bahia (15,5%), no Rio Grande do Norte (14,3%) e Amapá (14,3%). Todos os 26 estados registraram aumento do desemprego na passagem de trimestre:

— Houve um aumento expressivo e generalizado em todo o território nacional do desemprego, causado pela perda de postos de trabalho, principalmente de postos com carteira de trabalho — resumiu Azeredo, do IBGE.

Ele pondera que, na passagem de ano, sempre há um aumento da taxa em razão do desligamento dos temporários, mas a crise intensificou essa alta. Ottoni afirma que os dados mostram que as empresas decidiram fazer o ajuste via demissões, depois de congelar o preenchimento de vagas:

— Primeiro as empresas ajustam as horas trabalhadas, reduzem jornadas, aplicam layoff. Mas, diante da falta de perspectiva de crescimento este ano, decidiram demitir.

Por região, a taxa de desemprego do Nordeste atingiu 12,8% no primeiro trimestre de 2016 eéa maior do país. A segundam aior taxa está no Sudeste (11,4%). De acordo com o IBGE, o desemprego cresceu em todas as cinco regiões tanto na comparação com o trimestre anterior, encerrado em dezembro de 2015, quanto com o mesmo período do ano passado.

Historicamente, explica Azeredo, Norte e Nordeste têm taxas de desemprego maiores do que o Sul em razão das características de cada mercado:

— No Nordeste, há uma população mais jovem, portanto menos experiente, um desenvolvimento econômico e industrial bem inferior ao observado nas outras regiões, menor nível de escolaridade e mais informalidade. Já no Sul, até a informalidade, que é menor, é mais organizada, e há maior nível de escolaridade.

De acordo com as projeções da FGV, a taxa de desemprego deve continuar crescendo até encerrar o ano em 12,5%.

—Mas, em 2017, coma perspectiva de a economia não retrair ou até crescer, as empresas devem voltara contratar— disse Ottoni.


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