• Disputa por novo mandato já foi descartada apenas em Florianópolis; não há possibilidade de reeleição em Belo Horizonte, Porto Alegre, Goiânia e no Rio
Luciana Nunes Leal - O Estado de S. Paulo
RIO - Das 22 capitais onde há possibilidade de reeleição em outubro, 21 delas são governadas por prefeitos com intenção de disputar um segundo mandato consecutivo, conforme apurou o Estado com os partidos ocupantes das prefeituras envolvidas.
Disputam a reeleição quatro prefeitos do PSB, quatro do PDT, quatro do PSDB, dois do PT e dois do DEM. PP, PPS, Rede, PMDB e PSD terão, cada, um prefeito de capital candidato. Não há possibilidade de reeleição em quatro capitais: Rio (PMDB), Belo Horizonte (PSB), Porto Alegre (PDT) e Goiânia (PT).
A exceção das 22 capitais é Florianópolis, cujo prefeito, Cesar de Souza Junior (PSD), anunciou no dia 8 sua desistência de disputar um segundo mandato com o argumento de que a crise financeira se agravará no segundo semestre e que precisa se concentrar na atual gestão.
“A cota única do IPTU vai acabar e o déficit vai se acumulando. Candidatos à reeleição acabam compelidos a gastar mais. Temo que muitos prefeitos, à guisa de se reelegerem, mascarem a situação financeira de suas cidades e depois enfrentem em novembro e dezembro um cenário crítico, inclusive com dificuldade no pagamento dos salários”, disse Souza Junior.
A crise econômica, porém, não é considerada obstáculo para os demais prefeitos. O de Salvador, por exemplo, afirma que o atual cenário nacional é, inclusive, favorável a seu nome. Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM), se reeleito, deve disputar o governo do Estado em 2018. Cinco secretários municipais, de diferentes partidos, largaram os cargos públicos, como exige a lei, e estão à disposição para serem candidatos a vice. Se reeleito, Neto terá de renunciar à prefeitura para ser candidato a governador daqui a dois anos.
“O cenário nacional é favorável para mim, mas o foco é na cidade. O que fizemos e o que pretendemos fazer”, afirmou Neto. O DEM foi um dos primeiros partidos a defender o impeachment da presidente Dilma Rousseff e a se aproximar do presidente em exercício Michel Temer.
Para o presidente do PT de São Paulo, Emídio Souza, temas nacionais, como a crise econômica, tendem a ter mais influência nas eleições das grandes cidades, mas não superam a discussão de problemas locais e a comparação da atual gestão com as passadas. “Talvez este ano o cenário nacional influencie um pouco mais, mas o que prevalece é a questão local.”
São Paulo. Para o PT, manter o prefeito da maior cidade do País é fundamental no momento em que busca aliviar o desgaste causado à sigla pelo envolvimento de petistas nos crimes investigados pela Operação Lava Jato. “Para nós, são boas as condições de disputa. Fernando Haddad é prefeito inovador, vai ter como explicar as coisas que fez”, disse Souza sobre a disputa em que os principais adversários do petista devem ser o tucano João Doria e a ex-prefeita Marta Suplicy, que trocou o PT pelo PMDB.
Com as empresas proibidas de doar aos candidatos, as campanhas, segundo a lei, devem ser financiadas pelo fundo partidário, abastecido por recursos públicos e doações de pessoas físicas. “As candidaturas terão de mudar de paradigma. Acho que haverá um número menor de candidatos, pelas novas regras e também pelo desencanto com a política”, afirmou Souza.
Além de Haddad, o PT tem só mais um prefeito de capital com possibilidade de reeleição: Marcus Alexandre, de Rio Branco.
Em setembro passado, o partido perdeu o único prefeito em capitais do Nordeste, Luciano Cartaxo, de João Pessoa, que foi para o PSD após 20 anos no PT. Quando anunciou a troca de partido, Cartaxo justificou: “Não podemos ser penalizados pelos erros dos outros. Não podemos penalizar a cidade de João Pessoa por questões nacionais”.
O prefeito já fechou aliança com oito partidos, entre os quais PC do B, PP, PRB e Solidariedade, e negocia com o PSDB. “Se estivesse no PT, esse debate (Lava Jato) seria arrastado para mim, em vez de discutir os temas de João Pessoa”, ressaltou.
Mais três prefeitos disputarão a reeleição por partidos pelos quais não se elegeram. Roberto Cláudio (Fortaleza) foi do PSB para o PDT. Clécio Luís (Macapá) saiu do PSOL e entrou na Rede. Carlos Amastha (Palmas) trocou o PP pelo PSB.
Em Curitiba, a aliança com o PT que elegeu o prefeito Gustavo Fruet, ex-tucano que ingressou no PDT para disputar a eleição de 2012, foi desfeita logo no início do mandato. Fruet deve concorrer com candidatos do próprio PT, PMDB, PSB, PSOL e PMN, entre outros.
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