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Os outros que se danem
Há 48 horas, quando do encontro mais recente entre os dois na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, Lula disse a Gleisi Hoffmann, presidente do PT, que o partido deveria usar “todos os instrumentos possíveis” ao seu alcance para que Fernando Haddad o substitua em debates e sabatinas promovidas por emissoras de rádio e de televisão.
O que isso significa? Nada. Por ora, debates e sabatinas acontecem com candidatos a presidente da República e Haddad não é um deles. É um vice em transição para a cabeça da chapa. O que a parte mais experiente, pragmática e sensata do PT deseja é que Lula caia na real e indique de fato Haddad para candidato a presidente no lugar dele.
Haddad está perdendo tempo para se tornar conhecido no país e expor país as ideias que tem para governar. Cresce dentro do PT a certeza de que está fadada ao insucesso a estratégia seguida até aqui de que a transferência de votos de Lula para Haddad será tanto maior quanto mais próximo esteja o dia da eleição. Nesta quarta-feira, o PT pedirá o registro de Lula como candidato.
Até quando o partido insistirá em enganar o distinto público? Porque é disso que se trata. Lula fez de Dilma sua sucessora sem que ela tivesse um único voto para chamar de seu. Imagina fazer o mesmo com Haddad. Se não fizer, dirá que a culpa não foi sua, impedido que está de sair em campanha pedindo votos. Sob esse aspecto, a situação de Lula é cômoda.
Jogo de ganha e perde
Por Lula, tudo. E por Haddad?
Ciro Nogueira, presidente do Partido Popular (PP) que se aliou a Geraldo Alckmin (PSDB), defende Lula livre e candidato. Diz que votará nele. Pede votos para Lula no seu Estado, o Piaui. Esquece que a vice de Alckmin, a senadora gaúcha Ana Amélia, é do PP.
Eunício Oliveira (PMDB), presidente do Senado, defende Lula livre e candidato no Ceará, lembra que já foi tão pobre quanto ele, e finge ignorar que seu partido tem candidato próprio a presidente – Henrique Meirelles.
Paulo Câmara, governador de Pernambuco, cujo partido, o PSB, preferiu declarar-se neutro na eleição presidencial, defende Lula livre e candidato. Assim como Renan Calheiros (PMDB) em Alagoas, e o filho dele, Renanzinho, empenhado em se reeleger governador.
O que esses e tantos outros caciques farão quando Lula comunicar que o candidato do PT à sucessão do presidente Michel Temer não será ele, mas Fernando Haddad? Votarão e pedirão votos para o ex-prefeito de São Paulo? Suarão a camisa para elegê-lo?
Pedir votos para Lula é um truque usado por quem não sendo do PT, e tendo na maioria das vezes se oposto a ele, no entanto deseja beneficiar-se do voto em Lula. Bem diferente de pedir votos para Haddad com a certeza de que receberá menos votos em troca.
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