Essas novas COPs são, ao mesmo tempo, compromissos e prestação de contas à população e às novas gerações, já que não foi cumprido o Protocolo de Kioto, no Japão, de 1997, que recomendava a redução da emissão de gases tóxicos na atmosfera; nem o Acordo de Paris , de 1995, que estabeleceu limites específicos para controle dessas emissões por países e segmentos, sobretudo industriais, e que levou os Estados Unidos, de Trump, a desligar-se do compromisso. Agora volta com Biden.
Tudo tem em vista, de fato, as novas
gerações, essas mesmas que, desconfiadas com o ritmo das providências
globais, procuram, por si mesmo, acelerar as soluções para problemas que afetam
a perenidade dos recursos naturais e a qualidade de vida, despertando a
consciência e mobilizando a juventude em todo o mundo, como fez
recentemente a norueguesa Greta Thunberg, de 17 anos.
“As politicas, leis e estratégias de desenvolvimento
no mundo precisam de um novo foco, e “vocês” – dirigindo-se aos jovens –
tem poder para fazer isso!” proclama Alicia O’Sullivan, Ireland, (20
anos), falando digitalmente para 240 mil seguidores adolescentes. “Nós nos
recusamos a ser prisioneiros da injustiça, precisamos desafiar o capitalismo
consumista” pondera Howey Ou, China, 19 anos, perseguida em seu país
por defender as causas ambientais: “Ninguém vai nos dar o mundo que
sonhamos” diz Catalina Silva, Chile, 20 anos, ambientalista,
defensora dos glaciers, dos oceanos, do uso racional da água na Patagônia.
São vozes de, pelo menos 26 jovens de
vários paises e regiões do Planeta, conectadas digitalmente e confrontados com
os acordos comerciais de Doha,no Catar, envolvidas em , pelos menos,
1.000 ações locais de efeitos globais compartilhadas no the #Solving It ,
e que terão terão oportunidade de se manifestar na conferência de Glasgow.
Eles não eram sequer nascidos quando
aconteceu, no Rio de Janeiro, em 1992, a Conferência Mundial do Meio Ambiente e
Desenvolvimento reunindo, no Rio Centro, reis, rainhas, chefes de
Estado, cientistas no que foi chamado de “A Cúpula da Terra” , em
que se firmou um Pacto Global em defesa do meio ambiente, pela
sustentabilidade, denunciando as mudanças climáticas e seus efeitos nocivos
como o aquecimento global, provocado pelo o uso de combustíveis, gases e
matérias fósseis (petróleo, carvão, etc), que elevam
sistematicamente as temperaturas na terra; a destruição dos recursos naturais,
pelas queimadas e desmatamentos; os impactos sobre a biodiversidade terrestre e
nos oceanos; a poluição do ar e das àguas, o consumo e desperdício
de recursos pelo ideologia do consumerismo.
Descrentes de todo aquele aparato montado
institucionalmente para a realização da Conferencia Mundial (UNCED-92), as
organizações não-governamentais do mundo promoveram uma conferência “Paralela”,
ocupando fisicamente o Parque do Flamengo e redondezas. Dela foram tiradas
conclusões e recomendações, avançando em exigências para além das recomendações
do documento da Conferência da ONU, em direção a uma vida mais
saudável , a redução do uso e do consumo exagerado dos recursos naturais.
A geração “Z”- nascidos entre 1995 e
2012 - quer mais. Clama por uma sociedade mais justa. Reivindica uma
imediata transição energética, com a suspensão do consumo de combustíveis
fósseis (petróleo, carvão), redução do uso de pesticidas, fertilizantes e
vantagens tributárias, e defendem a criação de novas àreas protegidas na terra
e nos oceanos. Alguns participantes daquela Conferência
Paralela, hoje são membros das organizações de governo e de instituições
ocupadas em estabelecer um novo Pacto Global para a defesa do planeta e da vida
na Terra.
Em Glasgow estará também certamente a índia Artemisa Xakriaba, do Brazil, à busca de apoio para sua luta incansável pela preservação da Amazônia e a proteção dos povos indígenas: “ Posso ver um futuro, onde nós faremos a diferença, mas para isso precisamos ser ouvidos e respeitados. Xakriaba vai ter o apoio da delegação brasileira. São belos ganchos para captar para o Brasil uma parte dos recursos que alimentarão um fundo universal de apoio ás lutas contra as mudanças climáticas e destruição da biodiversidade.
“A crise do clima é a nossa realidade. Nós
lutamos por nossa sobrevivência – diz Disha Ravi, da India, (21).,
que viaja pelo seu país, como um Ghandi, explicando e defendendo o meio
ambiente em diferentes comunidades e línguas..” Joshua Oluwaseyi, da
Nigeria (21),” informa que ao invés de tentar lutar contra governos
e as velhas gerações, procura educar minha geração sobre os impactos no meio
ambiente e no nosso futuro”. Nyombi Morris, da Uganda,
lidera, a partir de seu país, um movimento em favor da proteção climática
chamada “O Levante da África” (Rise up for the people and the planet), que tem
mais de um milhão de seguidores. Sem as ações de certa forma
atrevidas e urgentes a Terra não resistirá e não haverá outras gerações. Jovens
ativistas podem fazer a diferença em Glasgow.
*Jornalista e professor.
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