Lula
usufrui de seu recall e presença política, para acumular forças, cativar
apoiadores e aguardar os desdobramentos, tendo aparentemente presença segura no
segundo turno, embora em política nada seja definitivo.
A questão posta hoje é: quem disputará o
segundo turno com Lula? Bolsonaro fez um recuo tático depois do 7 de setembro,
moderou sua polarização radical diária e busca alternativas para o Auxílio Brasil
e conquistas governamentais, que possam reverter sua significativa perda de
apoio. Ciro Gomes prossegue sua caminha um tanto solitária em torno de seu
carisma pessoal e das ideias materializadas em seu livro “Projeto Nacional: o
dever da esperança”.
Mas as novidades no cenário estão surgindo na órbita do chamado centro democrático. A fusão do Democratas com o PSL, dando lugar ao União Brasil, foi um importante fato. Sérgio Moro voltou a ser assediado e ter seu nome colocado em campo. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, se movimenta claramente como alternativa nas eleições presidenciais.
Já o PSDB, que liderou este bloco político
de 1994 a 2018, está se reinventando ao realizar inéditas e inovadoras prévias
partidárias, radicalizando a democracia interna e alcançando os objetivos
traçados por sua direção, Bruno Araújo à frente: construir democraticamente a
unidade partidária; aumentar o grau de conhecimento nacional de seus
pré-candidatos; mobilizar ativamente seus militantes e lideranças; e, começar a
lapidar um programa de governo para o futuro do país. O primeiro debate entre
Arthur Virgílio, Eduardo Leite e João Dória, promovido pelos jornais O GLOBO e
VALOR, no último dia 19 de outubro, alcançou grande repercussão. Reuniões com
os pré-candidatos em todos os estados têm reunido centenas de pessoas, como há
muito não se via. As prévias ocorrerão no dia 21 de novembro.
Na falta de melhor nome a imprensa apelidou
esta candidatura potencial de terceira via ou de centro democrático. Na
verdade, não houve batizado porque não houve ainda nascimento de uma aliança
política. Os termos não me parecem felizes e adequados. Terceira via carrega um
sentido defensivo de negação de outras duas vias – Lula e Bolsonaro – e não um
sentido afirmativo de uma alternativa para o país. O termo “centro” confunde-se
com o de “Centrão” muito difundindo e carregando significados diversos. Talvez
o melhor seria algo como “Via Democrática”, “Campo Democrático” ou “Alternativa
Democrática”, já que o que une estas forças é a defesa da democracia e da
liberdade: política, econômica, social e individual, numa convergência entre o
social-liberalismo, verdes, social democracia e o socialismo democrático.
Trata-se de rechear de significado a
alternativa, traduzindo para a sociedade de forma clara, pedagógica e
eficiente, quais são as “utopias”, posturas, os sonhos, projetos e programas,
que diferenciam uma possível candidatura presidencial das já postas no cenário.
A publicação do PSDB “O BRASIL
pós-pandemia” e os debates do seminário “UM NOVO RUMO PARA O BRASIL” promovido
pelo Cidadania, Democratas, MDB e PSDB, dão boas pistas para este esforço.
*Presidente do Conselho Curador ITV – Instituto Teotônio Vilela (PSDB)
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