O Estado de S. Paulo
Ficou mais difícil contar com um crescimento
do PIB neste ano de algo em torno dos 3%, como garantia o ministro Fernando
Haddad. Os últimos números do IBC-Br sugerem que o avanço da atividade
econômica deste 2023 fique mais perto dos 2,5%.
O IBC-Br, cujo nome e sobrenome é Índice de
Atividade Econômica do Banco Central, existe para dar ideia antecipada da
evolução do PIB. O PIB, a renda nacional, é uma estatística trimestral de
apuração complexa que só é divulgada cerca de dois meses e meio após o
encerramento do trimestre-calendário. O IBC-Br sai todos os meses, mas é
cálculo aproximado.
O IBC-Br, que saiu na última sexta-feira, mostrou queda de 0,06% em setembro, na comparação com agosto (veja o gráfico), o que contrariou as expectativas de crescimento no período em pelo menos 0,2%. Assim, o terceiro trimestre apontou recuo da atividade de 0,6% e lança um arrasto negativo também para o quarto trimestre. Desta vez, o setor que puxou para baixo foi o de serviços, movimento que já vinha sendo observado pelos indicadores que medem o comportamento do varejo.
Mas o pulso da economia não pode ser avaliado
apenas pelo PIB. Há, também, coisas boas acontecendo, fatores que tendem a
melhorar o comportamento da economia. Como sempre, há outras incertezas, que
lançam neblina para o futuro dos próximos meses.
Entre os indicadores positivos, está a queda
da inflação para a altura dos 4,5% ao ano e deve continuar a derrubar os juros,
portanto, a baratear o crédito. Contribui para menor inflação a queda da
cotação do dólar no câmbio interno, de 3,5% desde o fim de setembro. Um dólar
mais barato em reais ajuda a conter os preços dos importados.
O deslizamento do dólar no câmbio interno,
por sua vez, reflete mais entrada do que saída de moeda estrangeira. Isso tem a
ver com o excelente desempenho das exportações, que deverão apontar para um
saldo positivo (superávit) recorde na balança comercial deste ano, de US$ 60
bilhões, e entrada líquida forte de dólares na conta de Investimento Direto no
País (Investimento Estrangeiro), de US$ 75 bilhões a US$ 80 bilhões.
Dá para acrescentar mais dois fatores
positivos: a reta final no processo de aprovação da reforma tributária – o que
não é pouca coisa – e a perspectiva de nova safra recorde de grãos.
A principal incerteza está na área fiscal. A
deterioração das contas públicas continua. Uma desaceleração do PIB deve pesar
na arrecadação de impostos.
E há as incertezas da economia global. O
risco de recessão não está afastado e os juros nas economias líderes
continuarão altos e podem abater os preços das commodities, principal item de
exportação do Brasil.
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