O Estado de S. Paulo
O governo dos símbolos criará a autoridade
climática, promessa de Lula na campanha, ora materializada no improviso,
enquanto as florestas queimam, quase 21 meses depois de a democracia haver
fechado a porteira à passagem da boiada.
Nem precisaria. Flávio Dino é a autoridade
climática, extrapolando a função que lhe fora designada, a de líder do governo
no Supremo, hoje ministro da Casa Civil, do Meio Ambiente e da Justiça. A
liberdade executiva do senador-togado ordenou a mobilização imediata de tropas
e deu prazo a que o governo trabalhasse.
Nota à heterodoxia: Dino se expande por meio da condição de relator num julgamento de ADPF – já com acórdão – em que partidos de esquerda exigiam, em 2020 e 21, providências contra queimadas havidas durante o período Bolsonaro.
Ele se alarga porque percebe a incapacidade
do governo. Pelo menos desde fevereiro o Planalto era informado sobre a
projeção de seca severa e os riscos crescentes de incêndios florestais graves –
documenta reportagem de Daniel Weterman.
As sucessivas comunicações não tinham como
base a previsão de que o fogo seria produto de ações criminosas. Que existem e
pioram o cenário. Que existem e servem de desculpa para tirar fora o corpo da
incompetência, de repente constituídas na razão exclusiva das queimadas. O
governo pego de surpresa por atividade orquestrada de “alguns setores”.
Não há surpresa; não se faltam planejamento e
prevenção. A proposta de Orçamento remetida ao Congresso para o Ministério do
Meio Ambiente em 2025 é de R$ 4,13 bilhões. Menos que Relações Exteriores e
Portos e Aeroportos. À frente de Cultura, Direitos Humanos, Mulheres e
Igualdade Racial.
Para este 2024, conta Wesley Bião, o
Orçamento orquestrado para o Meio Ambiente foi de R$ 3,6 bilhões, 16% menor que
em 23. Para prevenção e combate a incêndios neste ano: R$ 219 milhões – contra
R$ 236 milhões para o passado.
O Congresso destinou apenas 0,02% de suas
emendas parlamentares (R$ 194 bilhões) à prevenção de incêndios, desde 2019.
Informação de André Shalders.
De Roseann Kennedy e Levy Teles é a notícia
sobre quanto teve, em 24, a Comissão de Meio Ambiente do Senado para emendas:
R$ 100 mil. Seriam R$ 550 mil – Lula vetou 88% (R$ 450 mil) do valor inicial. A
Comissão de Desenvolvimento Regional – paraíso do orçamento secreto – levou R$
2,5 bilhões.
E agora créditos extraordinários. O Ibama
está sucateado. Contratem-se brigadistas temporários. A omissão-negligência
arma as condições urgentes para a “guerra”. Fabriquem-se os dinheiros. Dino
autorizou. Lacrou. Insensível qualquer preocupação fiscal ante a calamidade.
Tudo vira pandemia. Bom para exercício do poder. Também para compras e
contratos emergenciais.
Um comentário:
Grana alta sem licitação: Lula-lá, Ricardo Nunes cá (SP).
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