O Estado de S. Paulo
O governo comunica que é condescendente com a
inflação. Mais: que a inflação faz parte dos planos. É o que informa Lula ao
declarar que “a inflação está totalmente controlada”. Não se trata de delírio;
antes de projeto. Projeto político eleitoral. Repetido.
O presidente informa que essa inflação que ganha corpo, estoura o limite máximo de tolerância da meta e mostra os dentes é aceitável, se a contrapartida for bancar até 2026 o voo de galinha do PIB.
O projeto: levar-empurrar esse crescimento
artificial e insustentável até o ano eleitoral, aprovar – como fez Bolsonaro –
uma PEC Kamikaze para jorrar bilhões na economia e financiar a tentativa de
reeleição, reeleição também do Parlamento, e rolar a bomba fiscal do
endividamento descontrolado até 2027.
Você já viu a aterrissagem de galinha parruda
que se lança ousada ao céu confiando na própria capacidade de voar longamente?
Você já viu.
O que se chama de mercado, como se força
monolítica fosse, demorou a entender a natureza deste governo. Foi generoso com
a natureza fiscal expansionista do governo Lula. O que se chama de mercado, o
cara que financia a dívida do gastador, ignorou – escolheu esquecer – a PEC da
Transição. Decidiu fingir que não pactuavam – Executivo e Legislativo – pela
jorração de quase R$ 170 bilhões na economia; para estimular-impulsionar a
forja artificial deste crescimento sem lastro.
Tudo estava dito-contratado ali. Em 2023.
Ainda em 2022. A turma preferiu acreditar no arcabouço natimorto fiscal, mesmo
exposta a inviabilidade essencial – imediata – do troço. O que se chama de
mercado, o sujeito pessimista que errou feiamente na estimativa do PIB, é o
mesmo – otimista – que errou belamente nas projeções de inflação e juros.
Nunca é tarde para despertar, não sendo o meu
o dinheiro que gerem. O pacotinho fiscal cumpriu o papel de despertador.
Constatado o óbvio somente agora: que o governo – governo petista – que não
controla estruturalmente as despesas no início do mandato jamais o fará da
metade para o fim, considerados ademais os recados extraídos das eleições
municipais e da vitória de Trump nos EUA.
O projeto – político-eleitoral – é por
reforçar a aposta na expansão fiscal, com toda sorte de contrabando parafiscal
sendo respondida por pentesfinos pontuais; para que se batam metas tornadas
fins em si mesmas, descoladas do ritmo de progresso da dívida pública.
Um dos produtos perversos deste projeto de
poder, o dólar que se acomoda aos R$ 6, tem sido atribuído a movimento
especulativo do mercado malvadão.
Especulação que, havendo, derivaria de
condições oferecidas pelo governo que se vitimiza. Ninguém especula sobre a
certeza, a segurança, a previsibilidade.
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