Folha de S. Paulo
Se Lula não mudar, 2025 será um ano difícil
para seus planos eleitorais de 2026
Duas pesquisas divulgadas nos últimos
dias, Datafolha e
Ipec, trouxeram para o presidente Luiz Inácio da Silva (PT) a péssima notícia de
que há um empate entre as avaliações positiva e negativa do governo: 35% a 34% em uma, 34% a 34% na outra.
Isso significa a metade do índice de 70% de
popularidade medido em meados do segundo mandato, há 16 anos.
Para piorar, os índices são semelhantes aos marcados para Jair Bolsonaro (PL) na altura do mesmo período, em plena pandemia cheia de desacertos.
Eleito por um triz devido à rejeição ao oponente, o
petista dedicou-se por longo tempo só a pontuar os defeitos do antecessor.
Investiu forte no contraponto e não deu certo.
Embora a alegação sobre herança maldita
tivesse reflexo na realidade da tentativa de desmonte institucional —ao
contrário da aplicação do conceito em 2003—, o discurso foi insuficiente.
A evidência está nos índices de popularidade:
o governo Lula 3
não caiu no gosto dos brasileiros que esperavam mais e melhor. Portanto é
imprescindível a mudança de rumos.
Fala-se na iminência de reforma ministerial.
Lula não desmente, mas há dúvidas sobre a eficácia de alterações que não
atinjam o cerne da questão: o governo não está agradando, abafando. Se quiser
agradar, precisará renovar o contrato eleitoral.
O embate ideológico não é prioridade da
maioria mais atenta aos percalços do cotidiano. Enquanto o presidente desanca
Bolsonaro e vitupera o "mercado", as pessoas estão ligadas na
convivência com os preços nas idas aos supermercados.
Para ir à reeleição ou tentar eleger um
sucessor, Lula precisará de muito mais que avaliação positiva de
35% num cenário de nuvens pesadas para 2025. Popularidade baixa significa
Congresso à vontade para hostilizar e partidos refratários a acordos
confiáveis.
Há dois anos pela frente. O que não se viu
ainda é disposição para reconhecer as mudanças das circunstâncias advindas da
passagem do tempo num Brasil muito diferente daquele em que os modos populistas
de Lula já não fazem o mesmo sucesso de 20 anos atrás.
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