domingo, 20 de julho de 2008

DEU NA FOLHA DE S. PAULO


CRISE, FÉRIAS E MINHOCAS
Eliane Cantanhêde


BRASÍLIA - A mais nova crise começou com a prisão de Daniel Dantas, Naji Nahas e Celso Pitta, desviou para o racha de policiais, juízes e ministros e resvalou no Palácio do Planalto.

Nahas já está escaldado desde 1989, quando detonou a implosão da Bolsa de Valores do Rio.

Celso Pitta... bem, era um nada antes de virar prefeito e continuou um nada para o resto da vida. E Dantas não abriu a boca, muito menos nos depoimentos à Polícia Federal.

Os três pivôs da crise, portanto, estão congelados. E virou um tal de tirar férias. O delegado Protógenes Queiroz vai "estudar", e o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, o juiz Fausto De Sanctis e até o presidente do Supremo, Gilmar Mendes, se mandaram. Porque, afinal, ninguém é de ferro...

Ficamos nós, com a batata quente, com quilos de interrogações e com aquela sensação de sempre de que o tudo vai dar em nada. E o dossiê anti-FHC? E a VarigLog?

Até a irritação de Lula é a mesma de quando a coisa fica feia para o PT, a família, o churrasqueiro, o compadre advogado, ministros e líderes. A diferença: antes, ele não viu nada, não sabia de nada. Agora, ora sabe, ora não sabe.

Sabia quando comemorou a operação da PF e atraiu Gilmar e Tarso Genro -portanto, o caso- para dentro do Planalto. Deixou de saber quando o faz-tudo Gilberto Carvalho caiu no grampo amigo da PF.

Subitamente, Protógenes virou esquisitão, afastou-se, ou foi afastado, e as pessoas meteram um monte de minhocas na cabeça. Em público, o presidente aplaudiu a criatura (o inquérito). Em privado, condenou o seu criador (o delegado).

Lula entrou em grande estilo e quis sair de fininho da história. Não colou e teve conseqüências. Ninguém sabe do que, exatamente, Daniel Dantas é acusado. Mas todo mundo -inclusive o advogado de Dantas- se pergunta por que Lula tinha de se meter onde não foi chamado. Olha aí a minhoca!

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