SÃO PAULO - A retração da economia norte-americana no primeiro trimestre, embora pesada, não joga luz sobre o que acontecerá doravante. É apenas olhar no retrovisor e, assim mesmo, com leve atraso (os dados do primeiro trimestre aparecem quando já rodou um terço do segundo trimestre). O problema é que não há condições de fazer nenhuma avaliação realmente consistente sobre a pergunta ("o pior já passou"?) que todos se fazem. Alguns até chutam respostas, mas ninguém pode de fato ter certezas.
Como sou a penúltima pessoa do mundo a ter alguma certeza (a última parece ser o maravilhoso cronista chamado Carlos Heitor Cony), fico com Uri Dadush, editor do eletrônico "Boletim Econômico Internacional", que acaba de ser lançado pelo instituto Carnegie.
Diz Dadush que "é cedo demais para abrir o champanhe. Não apenas a recuperação é incerta como permanece a possibilidade do aprofundamento de uma queda mais aguda. Por ora, grandes perdas de postos de trabalho continuam, e a violência da crise financeira global permanece intocada".
Vale para os Estados Unidos, vale para o resto do mundo. Mas vale para o Brasil? Menos. Primeiro porque a crise, por estes trópicos, pegou mais leve. Segundo porque as notícias do primeiro trimestre são ambíguas. Ou, voltado à análise de Dadush, "a recuperação é incerta" também por aqui, mas não parece valer a segunda parte, o aprofundamento da queda.
Mas vale, sim, o problema do desemprego. É eloquente, a propósito, que o desemprego subiu na Europa o mesmo tanto que no Brasil entre setembro (o mês em que começou o tsunami) e fevereiro. Na zona do euro, foi de 7,7% para 8,5%; aqui, de 7,6% para 8,5%. Desemprego é o que mais machuca em qualquer crise e mais complica a recuperação. Melhor, pois, deixar a rolha no champanhe.
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