DEU NO CORREIO BRAZILIENSE
Derrota sofrida pelo governo esfria as alianças eleitorais nos estados, principalmente em Minas, onde definição fica para junho
Ivan Iunes e Josie Jerônimo
A derrota sofrida pelo governo na votação do reajuste dos aposentados e do fim do fator previdenciário fez o Palácio do Planalto endurecer o discurso contra os aliados insurgentes. A dissidência na bancada governista determinou os dois revezes. A quantidade de parlamentares de PT e PMDB que votaram contra a orientação dos próprios partidos e do governo chega a 76 deputados. O rombo nas contas públicas, provocado pela derrubada do fator previdenciário, é estimado em até R$ 15 bilhões — a cifra ainda não é consenso. Irritado, o governo esfriou negociações por alianças eleitorais nos estados e cobrou fidelidade dos aliados.
Votação que se arrastou durante semanas, a aprovação do reajuste para os aposentados que ganham mais de um salário mínimo era uma derrota dada como certa pelo governo. O índice aprovado, de 7,7%, custará R$ 600 milhões a mais do que o Ministério do Planejamento aceitava bancar. Já era esperada a derrota no caso do reajuste, mas a queda do fator previdenciário pegou o Planalto no contrapé. “Esperávamos perder a questão do reajuste, mas a derrota no fator previdenciário estava fora de cogitação”, admitiu o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza.
Depois de ficar sem o controle sobre a base nas duas votações, Vaccarezza correu para identificar os dissidentes. Durante a votação, 24 petistas e 52 peemedebistas votaram pela derrubada do fator previdenciário. Entre eles, o ex-presidente do PT Ricardo Berzoini (PT-SP). “Houve uma dispersão na base. O governo tem que avaliar como compor a base do ponto de vista político”, analisou Berzoini, que também é ex-ministro da Previdência. Até o relator oficial do fator previdenciário, Pepe Vargas (PT-RS), ajudou a derrubar o índice de correção.
Café da manhã
Os reflexos da traição dentro do próprio ninho governista foram observados já na ressaca da derrota em plenário. Um dia depois de o PMDB reforçar as derrotas governistas, lideranças do PT colocaram um freio na discussão da aliança entre as legendas em Minas Gerais, durante café da manhã na Câmara. A expectativa da reunião era de que Fernando Pimentel (PT) desistisse da pré-candidatura ao Palácio da Liberdade em nome do senador Hélio Costa (PMDB-MG). Ficou acertado apenas que os dois pré-candidatos estarão no mesmo palanque durante as eleições. A definição sobre quem seria candidato a governador pela aliança ficou para depois.
Ao diminuir a velocidade do acordo em Minas Gerais, os petistas cobraram fidelidade do partido aliado nas votações de projetos polêmicos. O acordo costurado por petistas e peemedebistas para Minas prevê o anúncio oficial sobre a chapa até 6 de junho. A tendência é de que Costa seja lançado ao governo e Pimentel, que também é coordenador da campanha nacional de Dilma Rousseff (PT), tente uma vaga no Senado Federal. “O importante é que não há hipótese de haver um palanque duplo em Minas, essa é a decisão de consenso da reunião”, ponderou o presidente do PT, José Eduardo Dutra.
Diante da resistência petista em ungir Costa candidato ao Palácio da Liberdade, o presidente do PMDB, Michel Temer, confirmou o adiamento da convenção nacional do partido. O evento apontará o nome escolhido pela legenda para a vice de Dilma. Inicialmente marcado para 15 de maio, o encontro passou para 12 de junho, véspera da convenção do PT que deve indicar a ex-ministra da Casa Civil como candidata do partido ao Planalto.
Questionado sobre a dissidência peemedebista na votação do reajuste aos aposentados — o partido liberou a bancada para votar como quisesse —, Temer minimizou a influência da pré-campanha eleitoral na aprovação do projeto. “Não acho que seja apenas as eleições, a Câmara tem tradição em defender os aposentados. Acredito que esses R$ 600 milhões serão suportáveis pelas contas públicas”, afirmou.
Painel de votação
Confira como governistas e oposição votaram pelo fim do fator previdenciário
PT
Dos 67 petistas que estavam no plenário, 24 desobedeceram a orientação do líder e votaram pela aprovação da emenda. Um se absteve. Entre os traidores, destacam-se nomes tradicionais do partido, como Ricardo Berzoini, ex-ministro da Previdência de Lula e Vicentinho. Jorge Bittar, Paulo Pimenta e o relator oficial do fator previdenciário Pepe Vargas também votaram contra o governo. Vale considerar que o líder não liberou a bancada e a orientação era votar não.
PMDB
Dos 65 votantes, 12 apoiaram o governo e um se absteve. O PMDB orientou a bancada para não aprovar o fim do fator.
RESTANTE DA BASE
Dos demais partidos (PDT, PSB, PCdoB, PHS, PMN, PP, PR, PSB, PRB, PTB, PTC, PtdoB), apenas 18 votaram com o governo.
PSDB
Dos 44 deputados que votaram, seis apoiaram o governo.
DEM
Apenas um dos 47 votou pela manutenção do fator previdenciário.
Derrota sofrida pelo governo esfria as alianças eleitorais nos estados, principalmente em Minas, onde definição fica para junho
Ivan Iunes e Josie Jerônimo
A derrota sofrida pelo governo na votação do reajuste dos aposentados e do fim do fator previdenciário fez o Palácio do Planalto endurecer o discurso contra os aliados insurgentes. A dissidência na bancada governista determinou os dois revezes. A quantidade de parlamentares de PT e PMDB que votaram contra a orientação dos próprios partidos e do governo chega a 76 deputados. O rombo nas contas públicas, provocado pela derrubada do fator previdenciário, é estimado em até R$ 15 bilhões — a cifra ainda não é consenso. Irritado, o governo esfriou negociações por alianças eleitorais nos estados e cobrou fidelidade dos aliados.
Votação que se arrastou durante semanas, a aprovação do reajuste para os aposentados que ganham mais de um salário mínimo era uma derrota dada como certa pelo governo. O índice aprovado, de 7,7%, custará R$ 600 milhões a mais do que o Ministério do Planejamento aceitava bancar. Já era esperada a derrota no caso do reajuste, mas a queda do fator previdenciário pegou o Planalto no contrapé. “Esperávamos perder a questão do reajuste, mas a derrota no fator previdenciário estava fora de cogitação”, admitiu o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza.
Depois de ficar sem o controle sobre a base nas duas votações, Vaccarezza correu para identificar os dissidentes. Durante a votação, 24 petistas e 52 peemedebistas votaram pela derrubada do fator previdenciário. Entre eles, o ex-presidente do PT Ricardo Berzoini (PT-SP). “Houve uma dispersão na base. O governo tem que avaliar como compor a base do ponto de vista político”, analisou Berzoini, que também é ex-ministro da Previdência. Até o relator oficial do fator previdenciário, Pepe Vargas (PT-RS), ajudou a derrubar o índice de correção.
Café da manhã
Os reflexos da traição dentro do próprio ninho governista foram observados já na ressaca da derrota em plenário. Um dia depois de o PMDB reforçar as derrotas governistas, lideranças do PT colocaram um freio na discussão da aliança entre as legendas em Minas Gerais, durante café da manhã na Câmara. A expectativa da reunião era de que Fernando Pimentel (PT) desistisse da pré-candidatura ao Palácio da Liberdade em nome do senador Hélio Costa (PMDB-MG). Ficou acertado apenas que os dois pré-candidatos estarão no mesmo palanque durante as eleições. A definição sobre quem seria candidato a governador pela aliança ficou para depois.
Ao diminuir a velocidade do acordo em Minas Gerais, os petistas cobraram fidelidade do partido aliado nas votações de projetos polêmicos. O acordo costurado por petistas e peemedebistas para Minas prevê o anúncio oficial sobre a chapa até 6 de junho. A tendência é de que Costa seja lançado ao governo e Pimentel, que também é coordenador da campanha nacional de Dilma Rousseff (PT), tente uma vaga no Senado Federal. “O importante é que não há hipótese de haver um palanque duplo em Minas, essa é a decisão de consenso da reunião”, ponderou o presidente do PT, José Eduardo Dutra.
Diante da resistência petista em ungir Costa candidato ao Palácio da Liberdade, o presidente do PMDB, Michel Temer, confirmou o adiamento da convenção nacional do partido. O evento apontará o nome escolhido pela legenda para a vice de Dilma. Inicialmente marcado para 15 de maio, o encontro passou para 12 de junho, véspera da convenção do PT que deve indicar a ex-ministra da Casa Civil como candidata do partido ao Planalto.
Questionado sobre a dissidência peemedebista na votação do reajuste aos aposentados — o partido liberou a bancada para votar como quisesse —, Temer minimizou a influência da pré-campanha eleitoral na aprovação do projeto. “Não acho que seja apenas as eleições, a Câmara tem tradição em defender os aposentados. Acredito que esses R$ 600 milhões serão suportáveis pelas contas públicas”, afirmou.
Painel de votação
Confira como governistas e oposição votaram pelo fim do fator previdenciário
PT
Dos 67 petistas que estavam no plenário, 24 desobedeceram a orientação do líder e votaram pela aprovação da emenda. Um se absteve. Entre os traidores, destacam-se nomes tradicionais do partido, como Ricardo Berzoini, ex-ministro da Previdência de Lula e Vicentinho. Jorge Bittar, Paulo Pimenta e o relator oficial do fator previdenciário Pepe Vargas também votaram contra o governo. Vale considerar que o líder não liberou a bancada e a orientação era votar não.
PMDB
Dos 65 votantes, 12 apoiaram o governo e um se absteve. O PMDB orientou a bancada para não aprovar o fim do fator.
RESTANTE DA BASE
Dos demais partidos (PDT, PSB, PCdoB, PHS, PMN, PP, PR, PSB, PRB, PTB, PTC, PtdoB), apenas 18 votaram com o governo.
PSDB
Dos 44 deputados que votaram, seis apoiaram o governo.
DEM
Apenas um dos 47 votou pela manutenção do fator previdenciário.
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