segunda-feira, 7 de março de 2011

Renovação no PT?:: Fernando de Barros e Silva

A sucessão de Gilberto Kassab é um assunto extemporâneo. Mas não, certamente, para aqueles que vão protagonizá-la. Hoje, nem o prefeito, nem o PSDB, nem o PT têm ainda candidato. Até por isso, especula-se à vontade.

Todos, na situação e na oposição, aguardam José Serra. Mas ninguém se ilude mais com sua figura hamletiana. O sinal de fumaça branca, se vier, sairá da chaminé do tucano na undécima hora.

No PT é crescente a pressão por um nome diferente na disputa. Alguém que, além de representar uma renovação, tenha perfil e potencial para seduzir as classes médias, historicamente refratárias ao partido na cidade. Sem invadir a mancha azul (tucana) do mapa de votação, o petismo tenderá a morrer mais uma vez abraçado ao cinturão vermelho da periferia.

Os nomes que poderiam preencher esses requisitos são todos ministros: José Eduardo Cardozo (Justiça), Fernando Haddad (Educação) e Alexandre Padilha (Saúde).

Cardozo tem mais história e inserção partidária que Haddad. Mas seu prestígio com Lula é muito baixo. O ministro da Educação, pelo contrário, é filho dileto do ex-presidente, mas no PT paulistano a má vontade em relação a seu nome é imensa. São problemas simétricos. Padilha é dos três quem transita melhor na máquina partidária, mas é também o mais cru politicamente.

Entre os veteranos, Marta Suplicy hoje está praticamente descartada, mas Aloizio Mercadante ainda não. Apesar das duas derrotas para os tucanos no Estado, ambas em primeiro turno, é improvável que seja atropelado. Mesmo a contragosto, devem lhe dar, em algum momento, a opção de compra. Com ele, no entanto, não há renovação e a sedução das camadas médias ficaria mais difícil.

Muita água ainda vai rolar (e muitas enchentes junto), mas o PT hoje tem a avaliação de que, com ou sem Serra, o campo tucano-demista estará mais frágil do que na eleição anterior. Faz sentido.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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