A estimativa é que a inflação de 2011 chegue a 6,52% no País, superando a meta de 4,5%, com tolerância até 6,5%. A redução dos juros promovida pelo governo impulsionou a piora das previsões
Mercado já projeta inflação acima da meta
Analistas, segundo pesquisa do BC, aumentaram a previsão para o IPCA neste ano de 6,46% para 6,52%, além do teto da meta de 6,5%
Fernando Nakagawa
BRASÍLIA - Após seis semanas seguidas de piora nas estimativas, o mercado já prevê que a inflação de 2011 vai estourar o limite máximo da meta adotada pelo governo. Na pesquisa Focus divulgada ontem, analistas aumentaram a projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano, de 6,46% para 6,52%. Se confirmado esse número, será a primeira vez desde 2004 que os preços subirão mais que a meta perseguida pelo Banco Central.
Hoje a meta é de 4,5%, com margem de tolerância de dois pontos para cima ou para baixo. Ou seja, é permitido que a inflação atinja até 6,5%, assim a meta será considerada cumprida.
A piora das estimativas para o IPCA ganhou força especialmente a partir da última semana de agosto, quando o próprio BC surpreendeu o mercado e reduziu o juro básico da economia, a Selic, de 12,5% para 12%, como forma de acelerar a economia brasileira e, assim, atenuar o impacto da crise internacional. Analistas do mercado, porém, entendem que não havia espaço para o corte porque a economia segue aquecida. Por isso, eles apostam em mais inflação.
Os preços em ascensão também contaminam o cenário para 2012. Na pesquisa semanal do BC, a previsão para o índice no próximo ano teve a quarta elevação seguida e passou de 5,50% para 5,52%, se afastando ainda mais do centro da meta.
Mesmo com a inflação em alta, analistas mantêm a previsão de que o BC deve continuar com o corte da Selic e a taxa deve cair pelo menos mais duas vezes: 0,50 ponto em cada uma das reuniões programadas para outubro e novembro.
No próximo ano, os cortes devem continuar e a taxa fecharia 2012 em 10,75%. Alca Consultores prevê um BC ainda mais agressivo com a taxa recuando até os 10%.
Após dias de forte subida das cotações do dólar, o mercado reviu as estimativas para o câmbio e aumentou a previsão para a taxa no fim do ano, que passou de R$ 1,65 para R$ 1,68.
Mesmo com essa elevação, analistas estimam que o dólar deverá ser mais barato no fim de dezembro do que é atualmente - em torno de R$ 1,82. Sendo assim, pelas contas do mercado, o dólar deverá cair 7,6% até o fim do ano.
São Paulo. A Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) revisou ontem, de 0,30% para 0,27%, a projeção para a inflação de setembro na cidade de São Paulo.
O coordenador adjunto do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), Rafael Costa Lima, atribuiu a revisão ao resultado da inflação na terceira quadrissemana do mês, de 0,22%, pouco abaixo da estimativa da instituição, que era de 0,25%: "A previsão para o mês caiu um pouco devido ao índice ter ficado abaixo do que esperávamos na terceira quadrissemana. Se confirmada essa expectativa, será uma inflação andando de lado."
Para o fechamento de 2011, a projeção de 6,20% para o IPC está mantida, mas, na avaliação de Lima, há boas chances de ficar mais baixa, em 6%.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
Nenhum comentário:
Postar um comentário