Segundo relatório do Fundo, os efeitos da crise da dívida soberana na zona do euro estão se espalhando para países importantes
Álvaro Campos
BRUXELAS - Os efeitos da crise da dívida soberana na zona do euro estão se espalhando para países importantes, bancos e investidores, e outra recessão econômica não pode ser descartada, disse hoje o Fundo Monetário Internacional (FMI) em um relatório.
O FMI prevê que a Europa crescerá 2,3% em 2011 e 1,8% em 2012. A inflação deve ficar em 4,2% neste ano e 3,1% no ano que vem, o que justificaria uma política monetária mais acomodatícia. Além disso, a União Europeia deve facilitar uma presença sólida do Banco Central Europeu (BCE) nos mercados, disse o Fundo.
Mas Antonio Borges, diretor do departamento europeu no FMI, disse que a maioria dos países do continente não está em condições de implementar medidas para estimular a economia. "É claro que eles precisam manter uma disciplina muito forte no campo fiscal", comentou. A Grécia, em especial, precisa acelerar a implementação de reformas econômicas, como a privatização de entidades estatais.
Ele destacou que os bancos europeus estão sob forte risco, e repetiu que a posição do FMI é que todos os grandes bancos regionais deveriam ser recapitalizados. Se essa recapitalização não puder ser feita pelo setor privado, os governos devem ajudar, diz Borges.
Mas o diretor afirma que essas decisões precisam abranger toda a Europa. Ele propôs a criação de um fundo de seguros de depósitos. "Tudo isso é viável", disse, mas afirmou que pode ser difícil colocar essas ações em prática em função de obstáculos políticos.
Grécia
Borges afirmou que o tamanho do segundo pacote de resgate para a Grécia, de 109 bilhões de euros, terá de ser revisado. Ele disse que o número está "obsoleto". "Todos os números foram extremamente experimentais", comentou.
Borges acrescentou ainda que o próximo programa terá de enfatizar a geração de crescimento econômico, em vez de se focar somente nas contas públicas da Grécia. O diretor também disse que não há pressa nas negociações entre a troica de inspetores internacionais e o governo grego para a liberação da próxima parcela do primeiro pacote internacional de resgate. "A mensagem essencial é que nós não estamos com pressa", comentou, acrescentando que está confiante que as conversas atingirão um "resultado positivo".
Segundo Borges, uma vez que a ampliação da Linha de Estabilidade Financeira Europeia (EFSF, na sigla em inglês) for aprovada pelos Parlamentos dos 17 membros da zona do euro, o FMI poderá atuar juntamente com as operações desse mecanismo no mercado secundário. Para isso, o Fundo teria de criar um veículo de propósito específico para intervir nos mercados primário e secundário.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
Nenhum comentário:
Postar um comentário