Folhapress
BRASÍLIA - A crise entre PT e PMDB na gestão da Caixa Econômica Federal se agravou com a denúncia de que transações com papéis da dívida pública podem causar um prejuízo de R$ 1 bilhão aos cofres públicos. O PMDB desconfia de "fogo amigo" porque não está claro que a Caixa terá efetivamente esse prejuízo, o problema teria ocorrido em função de um erro numa empresa terceirizada e a denúncia surge em meio a uma crise entre os diretores das duas siglas na Caixa.
A denúncia atinge em cheio o PMDB do Rio. O departamento da Caixa onde teriam ocorrido as transações nebulosas com os títulos é vinculado à vice-presidência de Loterias e Fundo de Governo, feudo do PMDB carioca desde a gestão do governo Lula da Silva.
Atualmente, a vice-presidência é de Fábio Cleto, indicado para a função pela dupla Sérgio Cabral, governador, e Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro.
Cabral e Paes têm pressionado a Caixa por recursos do FGTS para obras estruturantes para a Copa do Mundo e a Olimpíada, mas sem muito sucesso.
Os pemedebistas afirmam que o PT é majoritário na direção da Caixa. Não depende do partido para tomar decisões e tem se aproveitado da situação para fustigar e minar o PMDB na direção da Caixa.
Exemplo citado: recentemente, o presidente da Caixa, Jorge Hereda, acertou diretamente com o governador da Bahia, Jaques Wagner, a administração da folha de pagamentos do governo estadual, sem ao menos se dar ao trabalho de ouvir o responsável da área, Geddel Vieira Lima, vice-presidente de Pessoa Jurídica, adversário do governador, que é do PT.
A denúncia ocorre também no momento em que o PMDB trabalha para reconduzir Fábio Cleto no conselho do FGTS. A relação de Cleto com Hereda, o presidente da Caixa, é péssima.
A cúpula do PMDB pretende tratar da crise na Caixa com a presidente Dilma Rousseff. O PMDB argumenta que "entregou" todos os votos que prometeu no Congresso e tem sido um fator de estabilidade política. Mas tudo isso pode se perder se o partido achar que está sendo "apunhalado" pelas costas pelo PT.
Ontem, a Caixa Econômica Federal acusou as empresas que negociaram papéis do governo desvalorizados de agir de forma estranha, em operações atípicas.
"É como se alguém que ganha um salário mínimo encontrasse um milhão em sua conta e utilizasse o recurso indevidamente", diz o banco, em nota oficial.
A Caixa afirma que os papéis estão bloqueados até o fim das investigações.
FONTE: VALOR ECONÔMICO
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