Governador, porém, afirmou que, por enquanto, não pretende se manifestar em favor de nenhum dos tucanos que disputam prévia
Bruno Boghossian, Julia Duailibi
O ex-governador José Serra (PSDB) quer uma maior participação de Geraldo Alckmin na sua campanha para disputar a prévia que escolherá o candidato tucano à Prefeitura, no dia 25. O governador, porém, avisou que, por enquanto, não vai se manifestar publicamente em favor de nenhum dos três candidatos - além de Serra, há ainda na disputa o secretário José Aníbal (Energia) e o deputado Ricardo Tripoli.
A ideia de pedir ao governador uma manifestação pública de apoio começou a ser discutida na reunião da coordenação da pré-campanha de Serra, no último domingo, em um hotel de São Paulo. O ex-governador ouviu a sugestão de um dos 20 participantes de que seria bom Alckmin comparecer a um evento de Serra antes do dia da prévia.
Foi proposto, então, que Alckmin fosse no dia seguinte ao encontro com os filiados do Butantã, diretório ao qual é ligado. No local, deveria fazer uma declaração de apoio a Serra. Emissários conversaram com Alckmin sobre a proposta, que descartou participar de qualquer evento em favor de um único candidato. Alckmin conversou nesta semana com Serra sobre o assunto.
Antes de tomar a decisão o governador consultou aliados sobre a entrada mais incisiva na campanha de Serra, mas foi aconselhado a não se manifestar. Primeiro, porque não haveria necessidade de declarar seu voto, já que a campanha de Serra estaria caminhando bem. Depois, porque seria um ato excessivo e deslegitimaria o processo de fortalecimento da democracia partidária, que Alckmin defende.
A avaliação é que uma declaração do governador em favor de um candidato numa disputa que deve ter menos de 6 mil votos seria "gastar um torpedo" para um alvo relativamente pequeno. Poderia ser interpretada ainda como demonstração de fraqueza da pré-candidatura de Serra.
Nos bastidores, Alckmin trabalha para Serra. Seus secretários estão fazendo a campanha do ex-governador. O tucano marcou uma reunião com o DEM no Palácio dos Bandeirantes nesta semana para tratar da eleição e convidou Serra, deixando evidente sua predileção. Parte dos integrantes da coordenação de campanha acredita que essas manifestações já são suficientes para indicar aos militantes que Serra é o candidato de Alckmin.
Regiões. Os serristas estão preocupados com as regiões sul e sudoeste da capital. O grupo avalia que a campanha de Aníbal está fortalecida nesses locais. Chegaram a identificar tucanos ligados ao presidente municipal do partido, o secretário Julio Semeghini (Planejamento), atuando pelo secretário de Energia.
O grupo não teme uma derrota de Serra, que conta com o apoio da maioria dos presidentes de diretórios municipais, segundo levantamento feito pelo Estado. Mas avalia que a vitória tem de ser acachapante para demonstrar força e para que o partido não fique dividido.
Ontem, Alckmin avisou a serristas que não deve participar mesmo de eventos com a militância e que só pretende aparecer na votação e apuração da prévia do PSDB. O governador fez uma proposta: Serra poderia acompanhá-lo em eventos oficiais. Na semana passada, o ex-governador subiu no palanque da posse do novo secretário de Trabalho de Alckmin, Carlos Ortiz, no Palácio dos Bandeirantes.
Estava prevista para ontem a participação do ex-governador na inauguração de um novo espaço no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, mas Serra não esteve lá. A solenidade estava marcada para as 10 horas da manhã.
Apesar da manifestação de Alckmin, os serristas ainda têm esperança de que o governador possa participar de um evento a favor de Serra antes da prévia.
Em público, o ex-governador diz não haver dúvidas sobre o apoio de Alckmin a sua candidatura. "A posição do governador é conhecida por todos e é conhecido que ele me pediu para ser candidato", afirma o tucano.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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