sexta-feira, 16 de março de 2012

Crise no Senado afasta o PR de aliança com Haddad em São Paulo

Partido anuncia hoje fim da negociação, agravando isolamento do petista

Sérgio Roxo, Silvia Amorim e Tatiana Farah

SÃO PAULO. A crise entre o governo federal e a bancada do PR no Senado contribuiu para agravar o isolamento do ex-ministro da Educação Fernando Haddad, candidato petista à prefeitura de São Paulo. Como resposta ao veto da presidente Dilma Rousseff aos quatro nomes apresentados para ocupar o Ministério dos Transportes, o partido vai anunciar hoje o fim das negociações com o PT na capital paulista e a abertura de tratativas com outras legendas.

Enquanto o ex-governador José Serra (PSDB) já tem o apoio do PSD e do PP, Haddad ainda está sozinho. Sem o PR, resta ao petista o PSB, pois os demais partidos da base da presidente Dilma, PMDB, PDT, PRB e PCdoB, possuem candidatos próprios para a eleição paulistana. Todos têm desempenho melhor do que o ex-ministro da Educação em pesquisas de intenção de voto, dificultando as negociações para a retirada das candidaturas.

Nos bastidores, os petistas mostram preocupação com o isolamento:

- Isso acendeu pelo menos a luz amarela na campanha - disse ao GLOBO um dos comandantes da pré-campanha de Haddad.

Em entrevista à rádio CBN, Haddad tentou minimizar os problemas para compor alianças. Disse ontem preferir uma coligação com os partidos da base e defendeu a posição de Dilma de não atender, supostamente, a uma agenda eleitoral para compor a sua equipe de governo:

- PCdoB, PR, PDT, PSB e o PRB são partidos com quem dialogamos, em virtude da convergência de projetos políticos. É nosso papel fazer esforço por aliança, mas temos de relativizar.

Haddad, agora, ataca gestão de Kassab na prefeitura

Com o fim do namoro com o PSD, Haddad tem aproveitado cada oportunidade para atacar o prefeito da cidade, Gilberto Kassab, fundador do partido que cogitou um apoio aos petistas, mas decidiu engrossar a candidatura do tucano José Serra. Questionado sobre o que seria pior, se subir ao palanque com Kassab ou enfrentar Serra nas eleições, ele escolheu a primeira alternativa.

- O paulistano percebe que está contribuindo muito com a cidade e recebendo pouco- disse Haddad, que completou: - Tudo está estagnado, apesar da arrecadação recorde.

O petista disse não ter mudado de opinião depois de Kassab ter escolhido apoiar Serra. Segundo Haddad, a proposta de aliança não foi formalizada com as lideranças do partido.

Há semanas, petistas têm se queixado, nos bastidores, da demora de Dilma para definir a situação do PR e do PDT em seu Ministério e dizem que o fato atrapalha a costura de alianças para a campanha de Haddad.

O PR convocou para a tarde desta sexta-feira uma reunião de seu conselho político em São Paulo para discutir a decisão anunciada pela bancada da sigla no Senado de ir para a oposição. Um dos nomes vetados pelo governo para o Ministério dos Transportes foi o do vereador Antonio Carlos Rodrigues, principal liderança do partido na capital paulista.

Sem o acordo com o PT, a tendência mais provável é o PR apoiar a candidatura de Gabriel Chalita, do PMDB. Celso Russomanno, do PRB, seria o segundo nome da lista. Apesar da ruptura com o governo, os líderes do PR de São Paulo acham pouco provável um acordo com Serra.

Mas os petistas ainda acreditam que a relação com o PR pode ser retomada até junho, prazo final para composição de alianças:

- A eleição em São Paulo sofre impacto da conjuntura nacional, mas isso não é algo absoluto. Essas coisas vêm e vão até a época das convenções - afirmou o vereador Antonio Donato, coordenador da campanha de Haddad.

Apesar do mal-estar que a demissão de Romero Jucá (RO) do posto de líder do governo no Senado gerou no PMDB, os aliados de Haddad duvidam que Chalita possa se juntar aos tucanos:

- Chalita não preocupa. Até porque ele odeia o Serra - disse um dos coordenadores da pré-campanha de Haddad.

A aposta dos petistas é que a presidente Dilma consiga contornar a situação, mas não há muita expectativa de que ela coloque logo a mão na massa para defender as alianças de Haddad.

O presidente do PT paulista, Edinho Silva, ponderou que a lógica da campanha municipal não se repete no governo federal. E disse acreditar que PC do B, PSB e mesmo o PDT vão acabar se encaixando na campanha de Haddad. Comunistas e trabalhista, porém, têm deixado claro que que vão participar da disputa com candidaturas próprias.

FONTE: O GLOBO

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