No momento em que a secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, disse que a presidente Dilma Rousseff está estabelecendo um "padrão mundial" na questão de transparência e luta contra a corrupção, o governo federal vive a ameaça de uma CPI que investigará a influência do contraventor Carlinhos "Cachoeira" em várias esferas do governo, e de um de seus braços empresariais, a empresa Delta, maior fornecedora do PAC, o principal programa oficial.
Com o pedido de abertura da investigação da CPI mista do Congresso destinada a apurar as relações criminosas do bicheiro Carlinhos "Cachoeira" com políticos e empresas, o governo Dilma busca nomes de confiança para atuar na comissão.
Desde sexta-feira passada, o Palácio do Planalto negocia com os líderes dos partidos aliados os "soldados" que vão compor a referida CPI, buscando defender seu governo de investigações que possam revelar "malfeitos", desde quando ocupava a Casa Civil, no governo Lula.
Desde a semana passada, a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, notabilizada pela compra de lanchas superfaturadas quando ministra da Pesca, assumiu a tarefa de chamar os líderes dos partidos aliados, principalmente PT e PMDB, para negociar quais nomes serão escolhidos.
Uma nota interessante é que a própria presidente repreendeu Ideli por ter tido poucas informações sobre o avanço das negociações no Congresso para a instalação da CPI, durante o período em que esteve nos Estados Unidos. "É natural que Ideli estivesse mais preocupada em se defender das acusações de comprar lanchas para financiar sua campanha. Mas ela terá que voltar a trabalhar direito agora", afirmou um interlocutor da presidente.
Enquanto isso, à medida que se avolumam informações ameaçando a imagem do governo Dilma e a própria governabilidade, o jornal Globo informa que Lula e Sarney "orientam estratégia da CPI para evitar impacto no Planalto". Ambos sabem o teor que determinadas informações teriam para estabelecer uma crise que ninguém hoje sabe até onde poderia levar um governo fraco e tutelado.
O certo é que Lula o incentivador da CPI, à revelia da presidente, a despeito dos apelos do próprio PMDB e de setores do PT de sua inconveniência, deu uma ordem expressa: os dois maiores partidos da base devem se unir e usar a maioria para blindar o governo Dilma Roussef e não deixar que a CPI respingue no Planalto. Muito menos, o seu próprio, quando a empresa Delta tornou-se uma das maiores beneficiárias do carro-chefe de seu governo, o PAC.
A dificuldade, como sabemos por outras CPIs, é que cada nova investigação ou informação da imprensa poderá, com muita facilidade, extrapolar a área delimitada pelo ex-presidente e atingir em cheio seu então chefe da Casa Civil, o chefe da quadrilha do Mensalão, segundo a PGR, José Dirceu e suas relações com a empresa Delta, da qual é "consultor empresarial", e os financiamentos de campanha do PT.
Enfim, a falaciosa estratégia de Lula para encobrir o julgamento do Mensalão, patrocinando um CPI blindada, poderá ser exatamente a centelha que fará despertar a lembrança na sociedade desse que até hoje o maior caso de corrupção da república brasileira
Roberto Freire, deputado federal (SP) e presidente do PPS
FONTE: BRASIL ECONÔMICO
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