Manobra beneficiaria Pezão, Paes e filho do governador
Paulo Celso Pereira
BRASÍLIA. O governador Sérgio Cabral está decidido a deixar o Palácio Guanabara em dezembro do próximo ano. A ideia está em estágio tão avançado que Cabral já conversou sobre o assunto com a presidente Dilma Rousseff e com o ex-presidente Lula. A saída antecipada beneficiaria três de seus principais aliados em uma só tacada: o vice-governador Luiz Fernando Pezão, o prefeito Eduardo Paes e o filho do governador Marco Antônio Cabral.
Com a saída de Cabral em dezembro de 2013, Pezão teria dez meses até as eleições, se apresentando à população como governador, inaugurando obras, gerindo a máquina e participando de eventos de governo. Esse foi justamente o argumento apresentado por Cabral a Dilma.
Em uma conversa com Dilma no Palácio Guanabara no fim de abril, quando se comemorou a marca de 1 milhão de beneficiários do programa Renda Melhor, o governador falou com a presidente sobre o plano de deixar o cargo. Segundo Cabral, Pezão tinha de "ganhar musculatura" e não haveria melhor forma de fazê-lo do que "no cargo".
Ao mesmo tempo, essa estratégia atende outro compromisso de Cabral: pavimentar o caminho de Eduardo Paes para ser governador do Rio em 2018. Concorrendo ao governo no exercício do mandato, Pezão ficaria impossibilitado de disputar a reeleição em 2018, beneficiando, então, o prefeito do Rio.
Caso consiga se reeleger em outubro, Paes ficaria na prefeitura até 2016 - aproveitando a Copa e as Olimpíadas - e seria candidato do PMDB a governador, com apoio de Pezão e Cabral, em 2018. Em contrapartida, isso garantiria também a dedicação integral do atual prefeito na campanha de Pezão em 2014.
A estratégia de Cabral foi confirmada por três interlocutores do governador. Segundo eles, essa teria sido a forma encontrada por ele para dar força na eleição de Pezão e manter o partido pacificado.
- Ninguém vai admitir isso publicamente hoje, até porque ele só conversou sobre o assunto com os aliados mais próximos - justificou um peemedebista.
Além de resolver as situações de Paes e Pezão, a saída de Cabral do governo em dezembro de 2013 permitiria ao governador construir a carreira de seu legítimo herdeiro: o filho Marco Antônio Cabral. Assessor de Paes na prefeitura do Rio, Marco Antônio já conquistou aliados no círculo político, mas não poderia concorrer em 2014 caso Cabral continuasse no governo. A Constituição proíbe que parentes de até segundo grau de presidentes, governadores e prefeitos sejam candidatos na mesma jurisdição.
FONTE: O GLOBO
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