Por Fernando Taquari
SÃO PAULO - O PMN anunciou ontem, em convenção extraordinária, a decisão de não se fundir ao PPS para criar a Mobilização Democrática (MD). A movimentação entre os dois partidos era importante para os planos do ex-governador José Serra de disputar as eleições presidenciais de 2014. O fim das negociações pode reduzir o interesse de Serra de migrar para o PPS e abandonar o ninho tucano.
O PPS via na fusão a oportunidade de elevar sua bancada na Câmara de 11 para 14 deputados com os três parlamentares do PMN. Além disso, a legenda tinha a expectativa de formar uma base com 20 deputados ao abrir, com a união, a janela de um mês para que políticos mudem para novas siglas sem o risco de perder seus mandatos.
O PSD, do ex-prefeito Gilberto Kassab, também se beneficiou da janela de infidelidade ao filiar parlamentares insatisfeitos com seus partidos quando foi criado em 2011. Com uma base mais sólida, a candidatura presidencial de Serra seria mais competitiva e atenderia ao projeto do PPS de ganhar musculatura e se fortalecer nas eleições do ano que vem.
O presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (SP), lamentou o desfecho das negociações. Segundo Freire, o fim do MD não ajuda a oposição na tarefa de se preparar para enfrentar o governo Dilma Rousseff em uma disputa eleitoral. "De qualquer maneira, já esperava por esse resultado. É uma pena. Nós trabalhamos pela fusão até o fim", afirmou o deputado, que reconhece a incerteza em torno do futuro político de Serra. Para manter a esperança de concorrer ao Planalto, restaria a Serra a hipótese de migrar para o PSD ou lutar pela indicação no PSDB contra o senador Aécio Neves (MG).
Ao bater o martelo contra a fusão, o PMN alegou divergências estaduais e a opção do PPS de priorizar a cúpula do partido nas decisões de temas relevantes e na busca por apoio de parlamentares. Para o PMN, a união deveria ser baseada na construção de uma base de vereadores, sindicatos e militantes. A indefinição de Serra também teria pesado contra o acordo, como reconheceu a presidente em exercício da legenda, Telma Ribeiro.
Pelo acordo inicial, aprovado pelas executivas dos dois partidos em 17 de abril, metade dos diretórios estaduais do MD ficaria sob o comando do PMN. A outra metade seria responsabilidade do PPS. No entanto, não houve consenso na maioria dos Estados, sobretudo Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraíba.
Fonte: Valor Econômico
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