- Correio Braziliense
Ninguém sabe muito bem o que André Vargas pretende fazer, embora o processo de cassação já tenha sido iniciado no Conselho de Ética da Câmara
As intenções de voto na presidente Dilma Rousseff (PT) variaram de 40% em março para 37% neste mês, segundo pesquisa Ibope divulgada ontem. Ainda assim, se a eleição fosse hoje, ela venceria Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). O problema é que as eleições serão em 5 de outubro e, antes disso, Dilma precisa estancar a queda gradativa que vem sofrendo na avaliação dos eleitores. Se Dilma cair mais cinco pontos até o fim de maio, pode se tornar irrefreável o “Volta, Lula!”
Dilma acumula 37% em dois cenários. No primeiro, Aécio aparece com 14% e Eduardo Campos com 6%. Em seguida, Pastor Everaldo (PSC), com 2%; Denise Abreu (PEN), 1%; e Randolfe Rodrigues (PSol), 1%. Eymael (PSDC), Levy Fidélix (PRTB), Mauro Iasi (PCB) e Eduardo Jorge (PV) não alcançaram 1%. Brancos ou nulos somaram 24%; os que não sabem em quem votar ou não responderam, 13%. No segundo cenário, Aécio está em segundo lugar com 14%, e Marina Silva em terceiro, com 10%. Os demais são Pastor Everaldo (2%); Denise Abreu, Randolfe Rodrigues e Eduardo Jorge (1% cada); e Eymael, Levy Fidélix e Mauro Iasi (0%). Brancos e nulos são 23% e não sabem/não responderam, 12%.
A pesquisa amplia a tensão interna no PT, que está em alta voltagem por causa da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, que flagrou um propinoduto entre o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto da Costa. Ambos estão presos. O envolvimento do ex-vice-presidente da Câmara André Vargas (PT-PR) com o doleiro deixou o PT na berlinda. O petista renunciou ao cargo, mas não ao mandato. A cúpula do PT e o governo pressionam o parlamentar para que o faça com urgência, com objetivo de evitar desgastes para o governo e o partido. Vargas resiste às pressões e pretende usar a tribuna da Câmara para se defender. A avaliação dos marqueteiros de Dilma Rousseff é de que o caso da Petrobras ainda pode causar um grande estrago. Ontem, no programa de tevê do PSDB, o senador Aécio Neves (MG), partiu pra cima do governo.
Dilma tenta preservar sua imagem ao sair em defesa da Petrobras, mas cobra a apuração dos malfeitos de seus diretores, linha reforçada pela presidente da empresa, Maria das Graças Foster, na terça-feira, ao depor na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, quando reiterou que a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, foi um mau negócio. Segundo a presidente Dilma, o conselho administrativo da empresa, que presidia à época, teria sido induzido a erro pelo ex-diretor da área internacional Nestor Cerveró. Ocorre que a maioria do PT não aceita essa interpretação, blindou o ex-presidente da Petrobras Sérgfio Gabrielli e saiu até em defesa de Cerveró, quando prestou depoimento à Comissão de Controle e Fiscalização Financeira da Câmara, na quarta-feira.
O governo ainda tenta evitar a instalação de uma CPI exclusiva, a pretexto de investigar também o cartel do Metrô de São Paulo e as obras do Porto de Suape, em Pernambuco, mas o caso será decidido mesmo é pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na próxima semana. André Vargas (PT-PR), porém, tornou-se um fio desencapado na história. Ninguém sabe muito bem o que pretende fazer, embora o processo de cassação já tenha sido iniciado no Conselho de Ética da Câmara. O fato , porém, é que Dilma Rousseff quer distância do “malfeitos” investigados pela Polícia Federal na gestão de Sérgio Cabrielli, enquanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nos bastidores, comanda a blindagem do ex-presidente da Petrobras. É mais combustível para o “Volta, Lula!”
Gabriel García Márquez
Aos 87 anos, faleceu ontem, na Cidade do México, um gigante da literatura universal: o escritor colombiano Gabriel García Márquez, que lutava contra um câncer linfático desde 1999. Gabo sofria de demência senil e perda da prodigiosa memória. Se Dom Quixote, de Miguel de Cervantes, abriu a cortina que encobria a idade média, Cem anos de solidão, sua obra-prima, publicado em 1967, desnudou a América espanhola. Foi traduzida para 35 idiomas e já vendeu mais de 50 milhões de exemplares. Romance seminal do realismo fantástico — gênero latinoamericano da segunda metade do século XX —, Cem anos de solidão se passa na fictícia aldeia de Macondo e acompanha, ao longo de gerações, a saga da família Buendía.
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