Presidente adota tática "bateu, levou" e reage publicamente a críticas sobre governo, como antecessor havia pedido
Entre as ofensivas do Planalto está uma campanha publicitária para tentar resgatar o apoio popular à Copa
Natuza Nery – Folha de S. Paulo / EBC
BRASÍLIA - A recente intervenção implícita do ex-presidente Lula no governo já teve resultados. Nas últimas semanas, a presidente Dilma Rousseff acatou algumas recomendações do padrinho político e adotou a tática "bateu, levou".
A ordem agora é não deixar nenhuma crítica sem resposta, comparar as gestões tucanas com os mandatos do PT e melhorar a divulgação das ações vinculadas diretamente à presidente, como os programas Pronatec e Mais Médicos, por exemplo.
Nos bastidores, o ex-presidente vinha alertando que Dilma precisava fazer a "disputa política" por meio da imprensa e pelos canais oficiais de comunicação, com o uso de propaganda institucional e até mesmo lançando mão de pronunciamentos em cadeia nacional de rádio e TV.
Em uma conversa a sós com Dilma há duas semanas, Lula listou uma série de providências para reverter queda nas pesquisas. Duas delas: resolver problemas no programa Minha Casa Minha Vida e adotar uma ofensiva para resgatar o apoio da população à Copa.
Segundo interlocutores, o ex-presidente voltou a insistir na necessidade de Dilma ampliar o diálogo com o setor privado e setores da sociedade civil organizada. Ela já abriu sua agenda para empresários e banqueiros.
Em uma ação exclusiva para reverter percepções negativas sobre a Copa --uma das maiores preocupações do Planalto no período eleitoral--, a presidente decidiu receber jornalistas esportivos. A data ainda não foi marcada, mas a iniciativa parte da avaliação de que a imprensa alimenta um pessimismo em relação ao Mundial.
Sobre a Petrobras, Lula orientou a sucessora a partir para o ataque. Nesta semana, a presidente fez uso da estratégia e afirmou, em Pernambuco, reduto do adversário Eduardo Campos (PSB), que não "admitirá que nada nem ninguém" destrua a estatal.
Foi a primeira vez que Dilma falou publicamente sobre a polêmica em torno da compra de uma refinaria nos EUA, assunto vastamente explorado pela oposição.
Outros exemplos da tática "bateu, levou" são a reclamação disciplinar contra a promotora que pediu quebra de sigilo de celulares do Planalto, a elaboração de uma propaganda oficial contra alegação de que o governo federal seria responsável pelo aumento da conta de luz em Minas e uma requisição ao Facebook para que retire do ar sites ofensivos à presidente.
Sobre a Copa, uma campanha publicitária entrará em cena, possivelmente no fim deste mês, como mostrou a edição de ontem do jornal "Valor Econômico". O PT e Lula cobram um discurso que reforce o legado para o povo, não somente para turistas e frequentadores dos estádios.
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