Vera Rosa e Ricardo Galhardo - Agência Estado
No dia da convenção que oficializará a candidatura da presidente Dilma Rousseff ao segundo mandato, o PT vai perder um aliado importante. O presidente do PTB, Benito Gama, disse nesta sexta-feira, 20 que "ficou muito difícil" apoiar o PT, como anunciara no mês passado, e deu como praticamente fechada a parceria com o senador Aécio Neves, candidato do PSDB.
"Fizemos tudo para caminhar juntos, mas a situação chegou no meu limite", afirmou Gama. "Não posso ficar contra os senadores e deputados do meu partido". O PTB daria a Dilma cerca de 1 minuto e 15 segundos a mais, por bloco, na propaganda eleitoral de TV, a partir de 19 de agosto. Gama disse que os problemas regionais emperraram a parceria com Dilma. "O senador Gim Argello (PTB-DF) seria indicado para o TCU (Tribunal de Contas da União) e foi entregue às feras. Além disso, há muitas dificuldades para a formação dos palanques em Roraima, no Acre, no Piauí e na Bahia", comentou o presidente do PTB.
Partido de Roberto Jefferson, delator do mensalão, o PTB estava isolado na aliança governista desde que estourou o escândalo, em 2005, no governo Lula. Dilma, porém, decidiu distribuir cargos à legenda em troca de apoio para a sua reeleição. Gama chegou a ocupar uma vice-presidência do Banco do Brasil, mas deixou o posto recentemente para se candidatar a deputado federal.
O PTB, hoje, tem uma vice-presidência da Caixa Econômica Federal. "Mas nós vamos entregar esse cargo também", garantiu Gama. Até agora, o único parlamentar do partido contrário ao rompimento com o PT é o senador Armando Monteiro (PE), que será candidato ao governo de Pernambuco com apoio dos petistas. O deputado João Paulo Lima e Silva (PT-PE) concorrerá ao Senado na chapa liderada por Monteiro.
"Nós vamos liberar o Armando Monteiro, em Pernambuco. A presidente Dilma tem sido muito correta com a gente e eu não quero cometer nenhuma deselegância com ela", insistiu Gama.
A coordenação da campanha de Dilma avalia o recuo do PTB como uma "traição". Dirigentes do PT foram pegos de surpresa com a decisão e disseram que o problema nos Estados descrito pelo presidente do PTB foi apenas "um pretexto" para o divórcio. A situação foi comparada a um "ataque especulativo" ao PT, na véspera da convenção que sacramentará a candidatura de Dilma. O anúncio da saída do PTB da aliança governista deverá ser feito hoje, após reunião de dirigentes do partido em Salvador.
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