• Em ato marcado para sexta-feira, partido vai debater posição sobre impeachment
Maria Lima – O Globo
BRASÍLIA - Dividido entre aqueles que cobram uma ação concreta rumo a um possível impeachment da presidente Dilma Rousseff e aqueles que se posicionam contra essa ideia, o PSDB deve fazer na próxima sexta-feira um encontro para afinar o discurso de seus filiados. O evento está marcado para ocorrer em Brasília e integrará a Primeira Oficina de Planejamento Estratégico do partido.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que já disse considerar precipitado qualquer movimento rumo ao impedimento da presidente, participará da abertura do encontro. Alinhado com ele, estão o governador Beto Richa (PR) e os senadores José Serra (SP) e Tasso Jereissati (CE).
O encerramento do encontro ficará por conta do senador Aécio Neves, que, na última quarta-feira, pressionado pelos movimentos que organizaram as manifestações contra o governo Dilma, se posicionou a favor de um pedido de impeachment.
Derrotado na eleição do ano passado, Aécio tende a continuar se equilibrando entre o compromisso que assumiu com as lideranças das manifestações e a garantia de que não tomará nenhuma atitude em prol do impedimento da presidente Dilma sem ter uma argumentação jurídica clara para sua existência.
Deputados e senadores ouvidos pelo GLOBO destacam que a fala de Fernando Henrique, contrário ao impeachment, tem um caráter "litúrgico", mas não deverá mudar a posição das bancadas do Senado e da Câmara. Nelas, a ideia é defendida pelos líderes Cássio Cunha Lima (PB) e Carlos Sampaio (SP).
- Esse assunto será inevitável (na reunião). Estamos atrás do respaldo jurídico, pois o impeachment demanda esse tipo de apreciação - disse Sampaio.
- Fernando Henrique é litúrgico. Respeitamos, mas (ele) não muda a posição das bancadas - completou o líder da Minoria na Câmara, o deputado Bruno Araújo (PE), que defende que o pedido de impeachment seja apreciado pelo plenário, se o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), mandar arquivá-lo.
Parecer de Reale Júnior
Cássio Cunha Lima acha, por sua vez, que dentro de até 20 dias o jurista Miguel Reale Júnior terá o parecer jurídico encomendado pelo PSDB sobre as várias alternativas para embasar um eventual pedido de impedimento.
- São várias opiniões no partido. Mas há a prevalência da tese de que temos o dever de propor (o impeachment) se as condições jurídicas existirem. - disse o senador Álvaro Dias (PR).
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