- Folha de S. Paulo
O PSDB acertou ao reabilitar seu maior líder, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, na campanha do ano passado. Agora precisa voltar a ouvi-lo para não desmerecer o capital acumulado com a votação de Aécio Neves.
No domingo, FHC foi consultado sobre a nova ideia fixa de parlamentares tucanos: tirar Dilma Rousseff do poder antes de 31 de dezembro de 2018, quando termina o mandato que ela conquistou nas urnas.
A resposta veio sem meias palavras. "Como um partido pode pedir impeachment antes de ter um fato concreto? Não pode", disse FHC.
"Impeachment não pode ser tese. Ou houve razão objetiva ou não houve. Quem diz se houve é a Justiça, o Tribunal de Contas, a polícia. Você não pode se antecipar a isso, transformar o seu eventual desejo de pôr um outro governo em algo fora das regras da democracia. Isso é precipitação. Os partidos têm que esperar", concluiu o ex-presidente.
As declarações expressam o óbvio, mas vão na contramão do discurso ensaiado na semana passada por deputados e senadores tucanos.
Eles se reuniram com manifestantes que dizem liderar as ruas e pregam o "Fora, Dilma". Os ativistas nunca receberam um voto, mas controlam as páginas do Facebook que convocam protestos contra o governo. Com essa autoridade, puseram a faca no pescoço dos políticos, que prometeram anunciar apoio ao impeachment depois do feriadão.
"Na quarta-feira, nós teremos um embasamento para que esse sentimento que é das ruas, e claramente é nosso, possa ser respaldado", disse o deputado Carlos Sampaio, líder do PSDB. Ele já havia declarado que atuaria como "auxiliar direto" dos movimentos pró-impeachment.
Ao lembrar que o partido precisa ter responsabilidade com as instituições, e não com a gritaria da internet, FHC despejou um balde de água fria sobre a "novidade" que Sampaio e seus colegas pretendiam apresentar na volta a Brasília.
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