quinta-feira, 24 de maio de 2018

Alckmin cobra tucanos e diz que cunhado é 'simpatizante do PSDB'

Presidenciável diz que Justiça tem que ser cumprida no caso Azeredo e que Aécio não será candidato

Thais Bilenky | Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Sob pressão, o presidenciável do PSDB, Geraldo Alckmin, subiu o tom na crítica a correligionários encrencados com a Justiça e defendeu o cunhado Adhemar Ribeiro, acusado de operar para ele caixa dois. "É casado com uma banqueira e simpatizante do PSDB", respondeu.

Em sabatina realizada pela Folha, UOL e SBT nesta quarta-feira (23), Alckmin ainda fez o discurso de defesa contra acusações de caixa dois que era cobrado por sua equipe em resposta à Lava Jato.

O tucano disse que a Justiça deve ser cumprida no caso do ex-governador de Minas Eduardo Azeredo, de seu partido, condenado no mensalão mineiro e considerado foragido.

Afirmou que o senador Aécio Neves (PSDB-MG), réu no Supremo, não será candidato, tema que segundo o mineiro será decidido e anunciado em seu estado.

Disse que o ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB) “vai se explicar”. E cobrou esclarecimentos sobre supostos recursos não declarados mantidos no exterior por Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, apontado como operador do PSDB.

“O PSDB não é imune a críticas. Não passamos a mão na cabeça de ninguém”, realçou. “A Justiça se faz para todos. Aliás, acaba de ser feita.”

A jornalistas, ao final, disse ter “certeza de que [Azeredo] vai se apresentar e cumprir a decisão judicial, embora ainda possa ter recurso”. Afirmou que não se discute punição ao mineiro no PSDB, visto que está afastado da vida partidária há dez anos.

Em esforço para reverter a onda negativa que abateu sua campanha desde que pesquisa CNT da semana passada mostrou variação negativa em seu desempenho, o tucano adotou discurso mais enfático na entrevista a Fernando Canzian (Folha), Carlos Nascimento (SBT) e Diogo Pinheiro (UOL).

Rebateu acusação da CCR —“um absurdo verdadeiro”, tachou— de que teria recebido R$ 5 milhões em caixa dois na campanha de 2010, intermediado por seu cunhado Adhemar Ribeiro.

“Nunca vi ninguém, é um absurdo verdadeiro, ajudar alguém que sabe de antemão que vai trabalhar contra os seus interesses", afirmou, detalhando medidas em seu governo contrárias aos interesses da concessionária.

Também acusado pela Odebrecht de ter recebido mais de R$ 10 milhões em caixa dois, o tucano respondeu que as suas campanhas “foram feitas dentro da lei, sem ostentação”, e que essa foi a orientação repassada aos profissionais que nela atuaram.

Ele saiu em defesa de Ribeiro, “casado com banqueira e simpatizante do PSDB. Só isso”.

Na chegada à sede do UOL, Alckmin decidiu descer do carro no Largo da Batata e caminhou dois quilômetros pela avenida Faria Lima. Veio de gravata, segundo assessoria, porque hoje o acessório é mais usado pelos pobres do que os ricos.

Olhando para a câmera, ele se defendeu do que chamou de “tendência no Brasil de defenestrar a política e dizer que é tudo igual. Não é. Quem enricar na política é ladrão. L-A-D-R-Ã-O”.

“Me sinto indignado”, protestou. “Fui vereador na minha cidade natal, quando não se ganhava um centavo”, disse. Afirmou que recusou aposentadoria de deputado e hoje recebe R$ 5.000 do INSS depois de 42 anos de contribuição.

Questionado, disse que seu patrimônio é de R$ 1,3 milhão, com pouca variação do valor declarado em 2014.

Chamou especulações em torno de sua substituição no pleito presidencial por João Doria (PSDB) de fake news. “É impressionante a criatividade. Depois dele vão inventar outro.”

Alckmin disse que o adversário Jair Bolsonaro (PSL), com quem está empatado em seu reduto eleitoral, SP, representa o passado.

“O que anda para trás é caranguejo. O Brasil não vai regredir. Bolsonaro e PT é a mesma coisa, corporativismo puro, não tem interesse público”, comparou.

Sobre Ciro Gomes (PDT), disse que “ele quer reestatizar, eu quero privatizar”, mas fez acenos: “Tenho discordância conceitual do Ciro, mas acho que ele tem espírito público. Não é um corporativista”.

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