sexta-feira, 31 de maio de 2024

Bruno Boghossian – O voto na renda média paulistana

Folha de S. Paulo

Grupo é quase tão numeroso quanto eleitorado mais pobre e, até aqui, tem corrida imprevisível

Um recorte da pesquisa Datafolha segundo a renda do eleitor fornece pistas importantes sobre a disputa pela Prefeitura de São Paulo. Com a vantagem de Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB) até aqui, dois segmentos ganham atenção.

O primeiro grupo é a faixa com renda de até dois salários mínimos, 43% do eleitorado. Nunes lidera com 25%, seguido por Boulos (17%) e José Luiz Datena (10%). Nenhum outro candidato passa de 6%. Outros 15% declaram voto em branco ou nulo, e 6% não sabem em que votar.

Esta é uma avenida favorável para Boulos. No recorte, 58% dizem que podem votar no candidato apoiado por Lula, e 65% afirmam que não votariam no nome apadrinhado por Jair Bolsonaro. Ali também está a taxa mais alta de desconhecimento do deputado do PSOL (30%) e seu índice mais baixo de rejeição (26%).

Em disputas passadas, Lula se mostrou hábil em aglutinar o eleitorado de baixa renda em torno de seu candidato. Boulos não teve essa sorte em 2020, quando as tintas da esquerda o afastaram do segmento, e a máquina da prefeitura fez diferença a favor de Bruno Covas. Nunes tentará repetir o feito do antecessor.

Se Boulos confirmar uma vantagem entre os mais pobres, a eleição será definida pelos paulistanos da faixa média de renda, que ganham de dois a cinco salários e são 38% dos eleitores. Ali, o deputado do PSOL aparece com 26%, Nunes tem 23%, e Pablo Marçal é citado por 10%. Votos nulos são 11%, e há 5% de indecisos.

A corrida nesse grupo parece um pouco mais imprevisível. As rejeições ao apadrinhamento de Lula (51%) e de Bolsonaro (57%) atingem patamares semelhantes. Além disso, Boulos tem um teto relativamente mais baixo porque sua rejeição já bate em 38% entre esses eleitores, enquanto só 24% rejeitam Nunes.

Em 2008, Marta Suplicy e Gilberto Kassab empataram entre os mais pobres, mas o então prefeito garantiu a reeleição com uma vantagem na faixa de renda seguinte. Quatro anos depois, Fernando Haddad venceu José Serra nos dois grupos.

Um comentário:

ADEMAR AMANCIO disse...

Boulos é meu candidato favorito,ele só precisa evitar o radicalismo.