sábado, 15 de agosto de 2009

Aécio: 'Não só o PMDB deve governar'

Letícia Lins e Odilon Rios
DEU EM O GLOBO


Mineiro visita o Nordeste e critica governo Lula; Serra evita falar de política

RECIFE e MACEIÓ. Pré-candidato do PSDB à sucessão presidencial, o governador de Minas, Aécio Neves, visitou ontem Pernambuco e fez duras críticas ao espaço que o governo Lula deu ao PMDB e à "companheirada". Reconheceu ser muito difícil governar sem o apoio do PMDB, mas disse que, se eleito, fará esforço para não se submeter à "ditadura de um partido". Ele chamou de "muito exagerada" a presença do PMDB no governo Lula.

Aécio passou o dia em Pernambuco, onde o governador José Serra, também pré-candidato do PSDB, esteve há 15 dias. Mas Aécio disse que sua presença no estado tinha mesmo "caráter político", enquanto Serra - que visitara Exu (PE) e ontem estava em Alagoas - dissera que era uma visita cultural.

Aécio almoçou com líderes de quatro partidos (PSDB, DEM, PV e PPS) no estado e também com o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), que estava em Recife. À tarde, o tucano participou de uma reunião com mais de 700 pessoas em Jaboatão dos Guararapes, região metropolitana.

Em Jaboatão, foi saudado com banda de frevo e recepcionado por atores fantasiados de Mateus e Catilina, personagens do folclore pernambucano. Posou para fotos, distribuiu apertos de mãos e abraços.

"Governo não é para ser ocupado pela companheirada"

Depois de elogiar o Bolsa Família, Aécio prometeu fazer um governo técnico e eficiente, citando sua gestão em Minas:

- O governo não é para ser ocupado pela companheirada, como ocorre hoje no Brasil. Tenho respeito pessoal por Lula, mas o governo dele não investiu na qualificação.Temos um governo com 39 ministérios e boa parte deles não se justifica. Eles existem só para fazer acomodação dos aliados, dos companheiros de forma exagerada.

Disse que, se eleito, vai ter que procurar partidos que lhe deem sustentação no Congresso, inclusive o PMDB. Mas ressaltou:

- É possível construir uma aliança com o PMDB sem a relação que se construiu no Brasil, com troca de favores tão explícita dos espaços do poder. No momento em que o PMDB não foi o único responsável pela governabilidade, não deveria ter o espaço que vem tendo hoje. Da mesma forma que é difícil governar sem o PMDB, não apenas o PMDB deve governar o país.

E voltou a criticar o loteamento do governo pelo PMDB:

- Poder prestigiar os quadros do partido é uma coisa. Então, o novo governo tem que restabelecer novo padrão nas relações partidárias. O que não se pode é submeter o seu governo à ditadura de qualquer partido, qualquer que seja ele. Uma parcela do PMDB certamente se disporia a participar conosco desse novo projeto. É preciso inverter a lógica de um país a serviço de um partido político.

Após passar por Salvador, no início da semana, Serra chegou ontem a Alagoas, governada por tucanos, para assinar convênios de cooperação entre os dois estados. Ele negou clima de campanha presidencial:

- Essa cooperação não tem coloração partidária - disse, ao lado do governador Teotonio Vilela Filho (PSDB).

Nos últimos meses, Serra passou por Pernambuco, Ceará, Bahia e, nos próximos dias, segue para Sergipe.

Em um dos convênios, que incluem acordos nas áreas tributária e editorial, foram assinados investimentos da Sabesp para a Casal, as companhias de água e esgoto de São Paulo e Alagoas, de R$25 milhões. Somadas as dívidas tributárias e trabalhistas, a Casal, empresa do governo alagoano, tem um rombo de R$1 bilhão, considerado impagável pelo Executivo.

Sobre a possibilidade da entrada da senadora Marina Silva (PT/AC) no PV atrapalhar os planos do PT à sucessão e a aproximação de Marina com os tucanos, Serra esquivou:

- Sapo de fora não chia. Não vou dar palpite. São outros partidos.

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