DEU EM O GLOBO
Declarações preocuparam, porém, o Planalto e petistas
BRASÍLIA e UBERLÂNDIA (MG). A mensagem do Papa Bento XVI aos bispos brasileiros avalizando que os religiosos devem emitir juízo moral em assuntos políticos causou contrariedade no Palácio do Planalto e na cúpula da campanha da candidata petista, Dilma Rousseff. A maior preocupação foi com a utilização que deverá ser feita por parte de prelados moderados e conservadores da orientação do Papa de rejeitar projetos políticos que contemplam aberta ou veladamente a descriminalização do aborto. Dilma, que tentou minimizar o fato, afirmou que a posição do Papa tem de ser respeitada. O candidato do PSDB, José Serra, deu respaldo à declaração de Bento XVI, afirmando que “é bom para o mundo ouvir a defesa da vida”.
Coordenadores da campanha de Dilma avaliaram que a mensagem do Papa pode resgatar a campanha religiosa feita contra Dilma na reta final do primeiro turno, quando foi explorada uma declaração da candidata em 2007 favorável à descriminalização do aborto. Dilma disse não acreditar em constrangimentos ou prejuízos para a campanha por causa do posicionamento da Santa Sé.
— Eu acho que é a posição do Papa e tem que ser respeitada. Ele tem direito de manifestar o que ele pensa. É a crença dele, e ele está recomendando uma orientação — afirmou Dilma.
Questionada sobre a campanha de teor religioso que houve contra sua candidatura, a petista discordou que haja ligação entre os fatos. Ela disse que são coisas diferentes a posição oficial da Santa Sé e a campanha pela internet feita anonimamente.
— Eu não acho que o Papa tenha nada a ver com isso. Aqui no Brasil ocorreu uma outra coisa. No Brasil ocorreu uma campanha que não veio à luz do dia.
Quem fez a campanha não se identificou, não mostrou a sua cara. E foi uma campanha de difamações, de calúnias.
E algumas delas feitas ao arrepio da lei.
Indagada sobre a posição de alguns bispos brasileiros contrários a sua candidatura, Dilma afirmou que, nesse caso, não há problema de um bispo vir a público e se posicionar sobre o tema. O problema, para ela, é quem faz campanha “por baixo do pano”. Recentemente, o bispo de Guarulhos, dom Luiz Gonzaga Bergonzini, declarou voto contrário a Dilma e chegou a classificar o PT de “partido da morte e da mentira”.
— Ele (o bispo) veio a público e falou a posição dele, uai! Nós somos contra é essa conversa que vem por baixo do pano. E essa campanha que vem por baixo do pano tenta fazer um jogo que confunde tudo.
Ela voltou a declarar ser pessoalmente contra o aborto, mas também contra a prisão de mulheres que interromperam gestação e, por isso, procuram hospitais.
Reafirmou que não faria mudança na legislação atual, que prevê abortos na rede pública para mulheres vítimas de estupro ou que correm risco de vida.
Mesmo antes de conhecer a íntegra da declaração de Bento XVI, Serra declarou que considera direito de um líder espiritual mundial fazer a defesa da vida.
— Não li a declaração na íntegra. O Papa é um líder espiritual mundial da Igreja Católica e ele tem pleno direito de emitir as suas diretrizes e orientações para os católicos do mundo. Tem plena liberdade, é um guia espiritual muito importante. E a defesa da vida é algo que merece fazer parte das palavras do Papa. Além do que é previsível, e é bom para o mundo ouvir isso, a defesa da vida.
A polêmica sobre o aborto foi um dos temas que dominaram o debate entre os candidatos no primeiro turno. Embora negue que tenha estimulado a inclusão de temas religiosos no debate, Serra acabou se beneficiando das contradições de Dilma sobre o assunto.
Desde que o assunto do aborto entrou na pauta eleitoral, Serra e Dilma passaram a priorizar encontros com líderes evangélicos e a disputar o apoio de representantes da Igreja Católica. Ontem, em meio a um encontro com líderes políticos em Uberlândia, Serra recebeu uma imagem de Nossa Senhora da Abadia, que ele beijou e acabou erguendo como um troféu em meio a um evento eleitoral. Durante seu discurso, o tucano citou um trecho bíblico.
(Gerson Camarotti e Adriana Vasconcelos, enviada especial)
Declarações preocuparam, porém, o Planalto e petistas
BRASÍLIA e UBERLÂNDIA (MG). A mensagem do Papa Bento XVI aos bispos brasileiros avalizando que os religiosos devem emitir juízo moral em assuntos políticos causou contrariedade no Palácio do Planalto e na cúpula da campanha da candidata petista, Dilma Rousseff. A maior preocupação foi com a utilização que deverá ser feita por parte de prelados moderados e conservadores da orientação do Papa de rejeitar projetos políticos que contemplam aberta ou veladamente a descriminalização do aborto. Dilma, que tentou minimizar o fato, afirmou que a posição do Papa tem de ser respeitada. O candidato do PSDB, José Serra, deu respaldo à declaração de Bento XVI, afirmando que “é bom para o mundo ouvir a defesa da vida”.
Coordenadores da campanha de Dilma avaliaram que a mensagem do Papa pode resgatar a campanha religiosa feita contra Dilma na reta final do primeiro turno, quando foi explorada uma declaração da candidata em 2007 favorável à descriminalização do aborto. Dilma disse não acreditar em constrangimentos ou prejuízos para a campanha por causa do posicionamento da Santa Sé.
— Eu acho que é a posição do Papa e tem que ser respeitada. Ele tem direito de manifestar o que ele pensa. É a crença dele, e ele está recomendando uma orientação — afirmou Dilma.
Questionada sobre a campanha de teor religioso que houve contra sua candidatura, a petista discordou que haja ligação entre os fatos. Ela disse que são coisas diferentes a posição oficial da Santa Sé e a campanha pela internet feita anonimamente.
— Eu não acho que o Papa tenha nada a ver com isso. Aqui no Brasil ocorreu uma outra coisa. No Brasil ocorreu uma campanha que não veio à luz do dia.
Quem fez a campanha não se identificou, não mostrou a sua cara. E foi uma campanha de difamações, de calúnias.
E algumas delas feitas ao arrepio da lei.
Indagada sobre a posição de alguns bispos brasileiros contrários a sua candidatura, Dilma afirmou que, nesse caso, não há problema de um bispo vir a público e se posicionar sobre o tema. O problema, para ela, é quem faz campanha “por baixo do pano”. Recentemente, o bispo de Guarulhos, dom Luiz Gonzaga Bergonzini, declarou voto contrário a Dilma e chegou a classificar o PT de “partido da morte e da mentira”.
— Ele (o bispo) veio a público e falou a posição dele, uai! Nós somos contra é essa conversa que vem por baixo do pano. E essa campanha que vem por baixo do pano tenta fazer um jogo que confunde tudo.
Ela voltou a declarar ser pessoalmente contra o aborto, mas também contra a prisão de mulheres que interromperam gestação e, por isso, procuram hospitais.
Reafirmou que não faria mudança na legislação atual, que prevê abortos na rede pública para mulheres vítimas de estupro ou que correm risco de vida.
Mesmo antes de conhecer a íntegra da declaração de Bento XVI, Serra declarou que considera direito de um líder espiritual mundial fazer a defesa da vida.
— Não li a declaração na íntegra. O Papa é um líder espiritual mundial da Igreja Católica e ele tem pleno direito de emitir as suas diretrizes e orientações para os católicos do mundo. Tem plena liberdade, é um guia espiritual muito importante. E a defesa da vida é algo que merece fazer parte das palavras do Papa. Além do que é previsível, e é bom para o mundo ouvir isso, a defesa da vida.
A polêmica sobre o aborto foi um dos temas que dominaram o debate entre os candidatos no primeiro turno. Embora negue que tenha estimulado a inclusão de temas religiosos no debate, Serra acabou se beneficiando das contradições de Dilma sobre o assunto.
Desde que o assunto do aborto entrou na pauta eleitoral, Serra e Dilma passaram a priorizar encontros com líderes evangélicos e a disputar o apoio de representantes da Igreja Católica. Ontem, em meio a um encontro com líderes políticos em Uberlândia, Serra recebeu uma imagem de Nossa Senhora da Abadia, que ele beijou e acabou erguendo como um troféu em meio a um evento eleitoral. Durante seu discurso, o tucano citou um trecho bíblico.
(Gerson Camarotti e Adriana Vasconcelos, enviada especial)
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