“No segundo turno, a candidatura de Serra espelhou opinião pública de sentido democrático tornando-se mais diferenciada ainda em relação a dois vetores do bloco vitorioso nas urnas que desejam ver o quadro político vindouro conduzido por completo pelo governo. Referimo-nos, de um lado, à poderosa figura de Lula em vias de se retirar da Presidência da República para iniciar caravanas pelo país temidas pela sua compulsão a dividir a população em duas partes; e de outro, a setores hoje à frente de importantes estruturas (organizacionais, grupos e tendências partidários, ambientes intelectuais) reunidos em torno da candidatura de Dilma. Com visão ainda referenciada pelo modelo de mudança social dos Oitocentos, mas agora à mercê da administração da economia realmente existente no país, esta vertente quer dar andamento a ações governista-sociais legitimadas (acredita ela) por se considerar exclusiva defensora do popular. No plano político, além de se integrar à candidatura oficial, ainda não conhecemos quais são suas próximas iniciativas, mas se nota indiferença no mínimo quanto ao estilo de governar próprio do Presidente Lula corrosivo do Estado democrático de direito.
Se ao sair da cena governamental o popularismo de Lula não vai se enfraquecer, isso não significa que estará livre para novos empreendimentos como o da vitória eleitoral, operação cuja base José Serra localizou na fusão Estado-partido em campanha. "
Raimundo Santos, cf. Após a derrota de Serra, uma nova transição, inédito, 07/11/2010.
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